Crítica sobre o filme "Plano de Vôo":

Edinho Pasquale
Plano de Vôo Por Edinho Pasquale
| Data: 10/03/2006

Se você tem medo de avião, esquece. Este é o tipo do filme fácil de ver, um bom momento de suspense, que depois será uma excelente diversão em vôos aéreos!

Claro que estou brincando, um avião é o ultimo lugar onde você poderá assistir este novo thriller do mestre do terror Wes Craven (das séries Pânico e A Hora do Pesadelo). Na verdade, a princípio parece um pouco uma das fitas da antiga série Aeroporto, já que leva um tempinho para estabelecer os personagens e suas relações pessoais. Mas, não é bem isso que interessa. Logo tudo se revela.

O filme embora absorva os problemas de se viajar de avião atualmente (vários personagens reclamam), passa por cima da segurança, em função dos terroristas, talvez por ser um assunto ainda sério demais para um passatempo. No fundo, é basicamente um suspense à moda antiga, com uma heroína competente e destemida, Lisa, uma espécie de gerente de um hotel de luxo de Miami, que tem que pegar um vôo noturno (aquele que nos EUA chamam de Red Eye, [Olho Vermelho]). Acontece que, já na fila ela fica conhecendo um sujeito galante (feito por Cillian Murphy que com seus penetrantes olhos azuis, não pode ser boa bisca, ainda mais depois de ter sido o principal vilão de Batman Returns). Logo na partida, sentado ao lado dela, ele explica: se ela não ligar para Miami e conseguir que um político encarregado da luta contra o terrorismo mude para uma suíte mais adequada (e mais vulnerável a um ataque), o pai dela morrerá (quem o interpreta como contraponto da trama, é o excelente inglês Brian Cox).

Pronto, é só isso, não tem bomba a bordo, apenas a confusão habitual com a passageira que pede ajuda para colocar a mala no bagageiro, a velha que puxa conversa, a menina que deseja ir ao banheiro, as aeromoças que estão ficando cada vez menos corteses. Portanto, não é como parece, um filme sobre atentados. Mas a história de uma moça corajosa em perigo, que faz tudo para enganar e enfrentar um chantagista perigoso. Que funciona porque é muito rápido (o filme nem tem hora e meia), o elenco é bom (Rachel, que é meio estranha, não especialmente bonita, confirma o talento que demonstrou em Diário de uma Paixão) e a direção firme e competente. Até com alivio cômico.

E como sempre, não chega a dizer que viajar de avião seja muito perigoso, não ousando fazer propaganda contra uma indústria americana. Uma coisa rara em Hollywood: o autor da história e roteiro Carl Ellsworth, um estreante, foi o único a mexer no script (ele e Craven tem pontas como passageiros).

Ou seja, um filme pequeno mas legal, perfeito para fãs do gênero. (Rubens Ewaldo Filho na coluna Clássicos de outubro de 2005)