Crítica sobre o filme "Engraçadinha - Seus Amores e Seus Pecados":

Edinho Pasquale
Engraçadinha - Seus Amores e Seus Pecados Por Edinho Pasquale
| Data: 02/06/2006
Tudo começou em agosto de 1959, quando o polêmico (e hoje consagrado) escritor Nelson Rodrigues publicou, em forma de “Folhetimâ€, ou seja, em capítulos diários, a primeira edição chamada de “Asfalto Selvagem†no jornal “Última Hora. O sucesso de público foi tão grande, que o folhetim teve 112 capítulos, em 6 meses. Todos queriam saber da história repleta de histórias provocativas e picantes para a época. Depois deste enorme sucesso, Nelson Rodrigues lançou o folhetim em livro, em dois volumes: “Asfalto Selvagem - Engraçadinha, Seus Amores e Seus Pecados, dos 12 aos 18†e “Asfalto Selvagem - Engraçadinha, Seus Amores e Seus Pecados, depois dos 30â€.

Transformado em várias versões para o Teatro, o mito de Nelson Rodrigues estava cada mais estimulando o seu público, afinal, o escritor era chamado de escândalo. E quem não gosta de um? Ainda mais se contarmos com a presença da “entidade†censura, que criava mais polêmicas ainda. A tal ponto de que, seu primeira edição para o cinema, contava somente a primeira parte da história, dirigida por J. B. Tanko, como “Asfalto Selvagem†(1963), com Jece Valadão, Fregolente e Vera Vianna, a Engraçadinha jovem. Não é preciso dizer que com o golpe militar a censura ficou mais ríspida (pra não dizer indecente) e o filme foi abolido. Mesmo assim Tanko insistiu na idéia e filmou, em 1965, a segunda parte, como “Engraçadinha Depois dos 30â€, mas bem leve para não ter problemas com os lunáticos da censura. Ainda para o cinema, houve uma nova edição da primeira parte, intitulado “Engraçadinhaâ€, dirigido por Haroldo Marinho Barbosa e estrelado por Lucélia Santos (disponível em DVD).

Em 1995, a TV Globo resolveu lançar o folhetim em uma minisérie com 18 capítulos, desta vez livre da censura, com o texto fiel à obra de Nelson. Esteticamente muito bem realizada, lançou Alessandra Negrini como Engraçadinha da primeira fase e colocou Cláudia Raia par sua edição “depois do trintaâ€. Muito bem dirigida, adaptada e com fotografia de primeira, tem um elenco estelar, seja para os papéis principais como em pontas d em monstros sagrados da TV brasileira. Foi exibida na TV por mais duas vezes, em 1998 e em 2002.

No DVD estão todas as suas mais de 10 horas repletas de polêmicas, onde Nelson Rodrigues expõe o seu repleto repertório de incestos, corrupções, adultérios, enfim, todos os tabus que expõe (e aqui a marca da sua genialidade) os cidadãos acima de qualquer suspeita, Há cenas realmente antológicas, como o encontro de Claudia Raia com Alexandre Borges, na chuva, completamente nus, a cena de Cláudia Raia e Maria Luiza Mendoça, entre várias outras. Uma série de primeira qualidade, deve agradar a todos, desde que o preconceito de cada um tenha ficado nos anos 50, antes da publicação original do folhetim, em 1959.