Por Eron Duarte Fagundes
| Data: 04/06/2006
Em 13.10.1981 anotei em meus cadernos de cinema um parágrafo entre outros: “Perseguição mortal (Death hunt), de Peter Hunt, é eficiente em sua proposta de acender no ânimo do espectador a nostalgia do heroÃsmo, fazendo uma perfeita identificação entre os sentimentos do policial (Lee Marvin) e do fora-da-lei (Charles Bronson). Mas é um trabalho perfeitamente dispensável e inconseqüente na colocação das motivações humanas.â€
Quando recebi o dvd do filme, não me ocorreu que já tivesse visto esta realização. Depois, ao correr das imagens, identifiquei um estilo de filmar as seqüências de ação que só seria possÃvel nos anos 70 e 80. Mais adiante, algumas bossas de Marvin e Bronson e certas cenas me acordaram no cérebro a sensação de que já tinha visto aquilo em algum lugar. Mas, enfim, depois de tantos anos e enxurradas de pelÃculas, tudo se embaralha no cérebro do cinemanÃaco: pouca coisa sobrevive intacta, sem misturas.
Perseguição mortal (Death hunt; 1981), dirigido em Hollywood pelo inglês Peter Hunt, é bem o que eu disse no longÃnquo outubro de 1981: ação eficiente mas fútil e vazia. Não aborrece, mas não acrescenta nada à verdadeira emoção cinematográfica. Como Hunt é inglês, adota um certo refinamento visual britânico para as trivialidades hollywoodianas. Marvin e Bronson valem-se de suas personas cinematográficas para expor os duros tipos criados na tela; a Ãntima ligação entre as personagens de Marvin e Bronson (em pólos opostos, mas ligados por um semelhante sentido de dignidade de ação) não é explorada com nenhuma penetração psicológica que pudesse elevar esse drama para além do chão aventuresco. Bem-vinda é a aparição duma estrela da época, Angie Dickinson, namorando Marvin em cena.
Outra curiosidade: o sobrenome do diretor, Hunt, é o substantivo do tÃtulo do filme, hunt, que quer dizer caçada. (Eron Fagundes)