Crítica sobre o filme "Tristão & Isolda":

Rubens Ewald Filho
Tristão & Isolda Por Rubens Ewald Filho
| Data: 12/09/2006

Quando se fala em Tristão e Isolda, se pensa imediatamente na clássica Opera de Wagner e não na lenda que lhe deu origem e que raramente foi adaptada para o cinema (o IMDB não dá qualquer outra versão). E nunca de forma memorável. Por isso havia certa curiosidade por esta versão ainda mais porque é também assinada como produtores por Ridley e seu irmão Tony Scott (acredito que não tiveram participação criativa apenas deram o nome para conseguirem financiamento na Irlanda natal deles. Mas Ridley iria dirigir Tristão logo depois de sua estréia em Duelistas). Quem ficou com a direção foi o ex-protegido de Kevin Costner, Kevin Reynolds que sabe lidar com tempos antigos e ação como demonstrou em Robin Hood Príncipe dos Ladrões, Rapa Nui e no ficção Waterworld.

O problema aqui é outro, eles não conseguiram um elenco Classe A. A começar pelo galã James Franco (visto nos dois Homens Aranhas mas que se revelou quando foi escolhido para viver James Dean num telefilme). É um ator duro, antipático, que não serve para galã romântico de um Romeu e Julieta das Dark Ages. A atriz então consegue ser ainda menos memorável, a ponto de não se guardar o nome dela, nem se interessar por isso ao sair da projeção (ela se chama e é tal e tal). Chama-se Sophia Myles e esteve no ultimo Anjos da Noite/Underworld.

Com a dupla errada, com coadjuvantes também medianos, o filme se fixa mais na ação e lutas do que no romance. Segundo o roteiro, Tristão é um garoto adotado por um rei irlandês (quem o faz garoto é ótimo Thomas Sangster de Simplesmente Amor). Era uma época de luta entre as tribos da Irlanda e as da Inglaterra, que vinham de colonização romana (a idéia é mostrar que isso não mudou ate hoje). Quando Tristão é ferido e dado como morto, é colocado num barco em chamas. De alguma forma consegue sobreviver e vai parar no país inimigo, do outro lado do mar, onde é cuidado e tratado por Isolda, que é filha do rei inimigo. Dali obviamente nasce o amor.

A ironia é que quando surge a possibilidade da paz, o pai dela lhe dá como esposa, para o rei da tribo que ganhar uma disputa e quem ganha é Tristão, só que este tem a dura missão de entregar a moça para seu pai adotivo, o Rei. Logo os dois se tornam amantes e traem o rei, com todas as conseqüências previsíveis. Sem duvidas, menos eficientes do que no equivalente de Shakespeare, já que o filme resulta banal e nada apaixonante. Curiosamente a fita não foi feita na Irlanda mas na Republica Tcheca. (Rubens Ewald Filho na Coluna Clássicos de 10 de julho de 2006)

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