Crítica sobre o filme "Rambo: A Saga Completa":

Jorge Saldanha
Rambo: A Saga Completa Por Jorge Saldanha
| Data: 02/10/2006
Quando o escritor David Morrell lançou nos anos 1970 o livro First Blood, nunca imaginou que seu protagonista, o problemático veterano do Vietnã John Rambo, na década seguinte acabaria virando um símbolo dos EUA sob a administração do Presidente Ronald Reagan. O roteiro original baseado em seu livro ficou anos na gaveta do diretor Ted Kotcheff, até finalmente ser negociado para a então iniciante produtora Carolco. Ao ser contratado para o papel principal, Silvester Stallone decidiu suavizar o personagem, que de uma enlouquecida máquina de matar virou um sujeito perturbado pelas memórias da guerra, que apesar de ferir seus oponentes (todos norte-americanos), não mata ninguém no filme todo. Mas a principal alteração sugerida por Stallone foi no final original, onde Rambo morria, e deste modo o filme terminou com Rambo sendo apenas preso. Sem dúvida foi uma sacada inteligente do astro, já que Rambo: Programado para Matar fez sucesso e garantiu uma continuação que chegou em 1985. Com roteiro de James Cameron (recém saído do sucesso de O Exterminador do Futuro), novamente com contribuições do próprio Stallone e dirigido pelo competente artesão George Pan Cosmatos, Rambo II - A Missão investiu muito mais na ação que o filme anterior. E se naquele dominava uma posição crítica contra os próprios EUA (a inutilidade da guerra e o desprezo com que a América tratava aqueles que lutaram no Vietnã), nesta continuação ela é diluída no que, ao final, se mostra um discurso ufanista. Afinal, desta vez os EUA conseguem ganhar a guerra, e com apenas um soldado. Rambo mais uma vez não mata nenhum norte-americano, mas em compensação dizima montes de vietnamitas e russos! A segunda aventura de Rambo foi um estrondoso sucesso mundial, de modo que em 1988 Rambo III chegou às telas. Mais caro e com cenas de ação ainda mais espetaculares que a segunda parte, o filme foi dirigido pelo estreante Peter MacDonald, que até então fora apenas o diretor de segunda unidade da série. O roteiro desta vez foi escrito por Sheldon Lettich, que como de hábito recebeu retoques de Stallone. A crítica, que já torcera o nariz para as patriotadas de Rambo II, detonou com o novo filme, que na verdade não passa mesmo de uma reciclagem do título anterior, apenas trocando a selva do Vietnã pelo deserto do Afeganistão. Com um desempenho bem inferior nas bilheterias, Rambo III aposentou o herói (pelo menos até que chegue Rambo IV, atualmente em desenvolvimento). Passada a era Reagan e à vista dos acontecimentos atuais (e ideologias à parte), esta trilogia Rambo torna-se uma curiosidade que merece ser apreciada pelo que traz de atemporal – competentes filmes de ação que, adicionalmente, possuem trilhas sonoras antológicas compostas pelo falecido maestro Jerry Goldsmith. Obrigatórios para os fãs do herói e de Stallone.