Crítica sobre o filme "Tudo por Dinheiro":

Rubens Ewald Filho
Tudo por Dinheiro Por Rubens Ewald Filho
| Data: 12/10/2006

Nunca tinha visto um filme antes que tocasse nesse assunto: o universo dos apostadores em esporte, que nos EUA movimenta milhões de dólares e pessoas. Esse é o maior mérito desse filme feito por diretor pouco renomado (Caruso fez antes Roubando Vidas com Angelina Jolie, A Sombra de um Homem/Salton Sea com Val Kilmer, muitas séries de teve) mas com dois atores ilustres. Al Pacino é o ator que melhor envelheceu de toda sua geração, incluindo nisso Dustin Hoffman e Robert De Niro, não fez concessões, nem pontas, nem fitas só para ganhar dinheiro. E sempre tem um trabalho interessante, por vezes notável. Enquanto Matthew que também esta em cartaz no momento com Armações do Amor tem aqui a melhor interpretação de sua carreira (ainda que tenhamos de desculpar algumas caras e bocas exageradas, no geral se comporta com densidade e entrega).

O filme, porém fracassou nos Estados Unidos e só sai aqui nas salas, com certo atraso por causa do prestigio do elenco. Porque certamente irá desagradar com sua trama complicada, exclusivamente masculina e com um final desagradável. Matthew faz Brandon Lang (o nome mais esquisito parece de ator pornô) que tem talento para adivinhar resultados de jogos esportivos e por isso é seduzido e contratado por um entrepreneur que tem um programa na teve a cabo sobre apostas e também dirige uma espécie de escritório de bookmaker (segundo ele diz legal). Pacino faz esse personagem, Walter Abrams, que é uma figura impressionante, ex-viciado em jogo (e como todos eles sempre capazes de voltar ao vicio a qualquer momento para desespero de sua mulher René Russo, feia e num papel ingrato, que por sua vez também é ex-junkie). E acompanhamos a trajetória de Brandon, inclusive quando ele acerta o resultado de todos os jogos do fim de semana.

A história é de Dan Gilroy (Freejack, Uma Loira em Apuros, ou seja nada de ilustre) mas ele é filho do dramaturgo e diretor Frank D. Gilroy (Falávamos de Rosas) e na vida real é casado com René Russo (o que explica muita coisa). E se mantém o interesse até certo ponto até pelo inusitado, se perde numa resolução banal. Outro detalhe curioso: um dos produtores do filme, David C. Robinson é filho do dono do estúdio que fez a fita!

De qualquer forma, pode deixar para ver depois em DVD. (Rubens Ewald Filho na coluna Clássicos de 5 de maio de 2006)