Por Eron Duarte Fagundes
| Data: 20/10/2006
Percy Adlon já foi o cineasta grave e profundo de Celeste (1981), inspirado na personalidade do escritor francês Marcel Proust a partir da visão duma criada. Em certo momento de sua filmografia passou a misturar o humor sardônico alemão com a comunicabilidade da comédia cinematográfica americana. Rosalie vai às compras (Rosalie goes shopping; 1989) é um dos exemplares mais conhecidos desta veia do realizador germânico.
Voltando suas câmaras para o delirante universo do consumo na trêfega sociedade americana, Adlon faz algumas concessões de estilo. Intensamente brilhante, cheio de cor e luz, seu filme evoca aqui e ali o brilho fácil de Hollywood; utilizando em profusão objetos do consumismo ocidental e cenários de papelão pintado, Adlon dilui um pouco a crÃtica ao capitalismo numa narrativa facilitada para platéias hollywoodianas.
Acompanhando a trajetória duma dona-de-casa que compra tudo o que vê, e acima de suas posses, graças ao mecanismo dos cartões de crédito, Adlon ironiza com desenvoltura o capitalismo. (Texto escrito em 23.08.1991 por Eron Fagundes)