Crítica sobre o filme "Carros":

Edinho Pasquale
Carros Por Edinho Pasquale
| Data: 24/11/2006

Não gostei do trailer, achei sem graça e inferior aos outros filmes da Pixar. Felizmente é um caso raro de um trailer fraco que dá uma idéia errada de uma obra. Pode ser que este novo filme de animação seja menos engraçado do que Os Incríveis mas é uma história extremamente bem contada, emocionante, com espetacular resultados técnicos (os fundos, as paisagens, a riqueza de detalhes são magníficos ). Fiquei absolutamente encantado com o filme (e olha que não tem maior envolvimento ou interesse por carros!). Outro problema: a história é conhecida, quase copiando o Doc Hollywood, de Michael J. Fox. Ou seja, a história de alguém pretensioso e ambicioso que acidentalmente vai parar numa cidadezinha do interior, onde fica preso por ter desobedecido a lei e acaba se encantado com aquela vida. Só que tudo isso é interpretado por carros! Ou seja, não há seres humanos. Apenas carros de tipos e tamanhos diferentes.

Recentemente a produtora de fitas de animação, a Pixar, se fundiu com a Disney (depois de um longo processo que chegou a derrubar o Presidente das Organizações Disney, Michael Eisner). E seu maior nome, o diretor John Lasseter (Toy Story) subiu ao cargo de chefe de toda a animação do estúdio. Pois este filme mais recente da Pixar já estava há algum tempo em produção. Tanto que é dedicado ao seu co-diretor John Ranft, que ironicamente morreu em acidente de carro antes do filme ficar terminado. É a Saga de Lightining (Raio) McQueen (no que parece ser homenagem a Steve McQueen que era corredor), um stock-car, com a voz de Owen Wilson no original, que quando esta a caminho de uma grande corrida, pára por enquanto na cidade do deserto, Radiator Springs, onde descobre o significado real de amizade e família.

Os achados são muitos. Chamar Paul Newman que é corredor na vida real para interpretar um velho campeão aposentado Doc Hudson (fazer a voz é claro), usar uma trilhas musical com canções novas e outras nostálgicas (tem até no final o famoso Route 66, já que a cidade esta num desvio, hoje substituída por uma auto-estrada). É verdade que o filme começa de forma espetacular em plena corrida (o herói tem o habito de ter devaneios o que dá bons detalhes visuais) revelando que Lightining é jovem, pretensioso, arrogante e só pensa no sucesso e na fortuna que irá ganhar. Depois o filme muda de tom, vira uma história tradicional, quase realista. Para esquentar de novo somente no final.

A Pixar ousa mudar e contar uma trama tradicional como se fosse um filme qualquer, só que com carros. Talvez assim com maior interesse para o publico masculino (alias os carrinhos de brinquedo que promove são também altamente desejáveis).

De qualquer forma, é bom ter sido diferente sem perder a qualidade.

Um detalhe: o filme tem as vozes convidadas de alguns campeões como Mario Andretti, Michael Schumacher e apresentadores e comentaristas da teve americana. Traz ainda no programa um daqueles curtas que sempre concorrem e por vezes ganham o Oscar, Banda de um Homem Só/One Man Band, muito bem realizado e bonito. Outra coisa: fique atento ao final nos letreiros que tem muitas brincadeiras e novas musicas de Randy Newman, inclusive paródia de Toy Story, Monstros S/A e Vida de Inseto. E bem no fim, espere por uma ultima piadinha. (Rubens Ewald Fllho na coluna Clássicos de 30 de junho de 2006)