Crítica sobre o filme "Grande Lebowski Ed. Esp., O":

Eron Duarte Fagundes
Grande Lebowski Ed. Esp., O Por Eron Duarte Fagundes
| Data: 03/12/2006
Jeol Coen dirige. Ethan Coen divide com Joel a assinatura do roteiro. Os irmãos norte-americanos Coen formam, a exemplo dos italianos Taviani, uma personalidade cinematográfica indivisível. Onde (em que plano, em que anedota) está Joel, onde identificar a mão de Ethan? Os Coen são um cineasta: dois seres humanos, um artista.

O grande Lebowski (The big Lebowski; 1998) é uma das expressões de criatividade de seu cinema. É certamente o filme em que os realizadores Coen mais soltam a franga. O humor negro das habituais investidas dos diretores no mundo policial atinge pontos insuspeitados de corrosão, permitindo que a narrativa se desvie facilmente da trama realista e enverede por uma fantasia próxima do barroquismo; os Coen brincam igualmente com a metalinguagem, dando o filme como narrado (em seu início e em seu fim) por alguém que conviveu com os protagonistas e, indo mais além, no meio da fita cortando para um filme-sonho dentro do filme (como se fosse imaginação da personagem).

O ponto de partida da realização é a confusão de identidade entre o vagabundo Lebowski e um milionário Lebowski, o que faz com que, na abertura da narrativa, o vagabundo seja espancado dentro de sua casa por gângsteres e veja-os mijarem em seu tapete. Daí até o final são muitas tiradas cômicas em que os Coen, contando com um grupo de atores afinados pela amizade nas produções independentes, dão sua aula de cinema.

Ambientado no início da década de 80, com referências à Guerra do Golfo, O grande Lebowskié uma obra tipicamente americana, todavia muito mais criativa que a quase totalidade daquilo que Hollywood importa para cá. (Eron Fagundes)