Crítica sobre o filme "Jornada nas Estrelas: Série Animada":

Jorge Saldanha
Jornada nas Estrelas: Série Animada Por Jorge Saldanha
| Data: 10/01/2007
Como se sabe, após o cancelamento da Série Clássica de Jornada nas Estrelas, que teve apenas 79 episódios em três temporadas, a criação de Gene Roddenberry cresceu muito em popularidade. Nos anos 1970 a Paramount começou a pensar em meios de trazê-la de volta, e antes do projeto de uma nova série de TV conhecido como “Phase 2†(que eventualmente acabou dando origem ao primeiro filme da franquia em 1979), existiu Jornada nas Estrelas: A Série Animada. Para muitos esta produção televisiva de baixo orçamento é totalmente inédita, já que no Brasil ela não foi mais reprisada desde o início dos anos 1980, saindo do ar antes mesmo da chegada do videocassete. Os mais antigos, como eu, tinham apenas uma vaga lembrança desta série de animação realizada para a temporada de 1973/1974 pela Filmation, de Norm Prescott e Lou Scheimer, que à época, juntamente com a Hanna-Barbera, produzia a maioria dos desenhos direcionados ao público infantil. O próprio Roddenberry admitiu ter aceitado o projeto principalmente pelo dinheiro, mas não há dúvidas de que também foi uma oportunidade de realizar um desenho animado com roteiros mais densos do que a média do gênero.

Foram realizados 22 episódios, muitos escritos por roteiristas que também haviam participado da Série Clássica, supervisionados por Dorothy Fontana. A série utilizou as vozes de quase todo o seu elenco principal: William Shatner (Kirk), Leonard Nimoy (Spock), DeForest Kelley (McCoy), James Doohan (Scotty), George Takei (Sulu), Nichelle Nichols (Uhura) e Majel Barret (Enfermeira Chapel). Doohan até disfarça a voz, mas percebemos claramente que ele também dubla vários personagens secundários. O personagem de Walter Koenig (Chekov) não foi incluído na série, mas o ator contribuiu com o roteiro de "The Infinite Vulcan" (foi o primeiro ator da franquia a escrever um episódio). Mesmo que o desenho não seja considerado canônico, alguns elementos introduzidos por ele foram adotados nos filmes e séries que se seguiram, como o nome do meio de Kirk ser Tiberius, o holodeck, predadores de pingos, o Capitão April como o primeiro comandante da Enterprise, e por aí vai. Há constantes referências aos 79 episódios da Série Clássica, o que, se por um lado reforça a continuidade, por outro limita a criatividade dos roteiristas, dando origem a alguns plots que são apenas variações do que já foi visto. Apesar de à época a série apresentar uma animação padrão para o que então se produzia, hoje ela pode ser considerada visualmente muito pobre. Claramente houve esforços para baratear e acelerar sua produção: os traços são simples, os personagens movem-se apenas o mínimo necessário e quando correm seus desenhos são meras silhuetas pretas, há muita repetição de cenas e os fundos são simples, sem muitos detalhes. Outro problema, ao meu ver, foi a substituição do clássico tema de Alexander Courage por uma imitação musical genérica – afinal, se esta é uma continuação direta da Série Clássica e sua conhecida abertura foi duplicada em desenho, porque não manter o mesmo tema? Apesar dos pesares, o fã de Jornada nas Estrelas deve conferir a Série Animada, uma verdadeira relíquia da franquia resgatada pela Paramount.