Crítica sobre o filme "Pequena Jerusalém, A":

Rubens Ewald Filho
Pequena Jerusalém, A Por Rubens Ewald Filho
| Data: 17/01/2007

De interesse particular para a colônia judaica, este filme ganhou prêmio de roteiro (paralelo) em Cannes, foi votado como estreante pela critica francesa e indicado aos Cesars de fita de estreante e revelação Fanny Valette.

É daqueles dramas modestos e sérios, sobre os problemas de identidade entre a modernidade e a religião no atual choque de culturas na França atual. A jovem Laura é de família judia ortodoxa e estuda Filosofia em Paris, se mirando no exemplo de Kant. Mas tendo problemas ao morar no bairro judeu na periferia de Paris e sentindo-se atraído por um tunisiano árabe que não tem papéis. A obsessão sexual a deixa desorientada enquanto corre paralelamente a historia da irmã mais velha, que não consegue ter prazer sexual por seguir rigorosamente as leis da religião (ela corrige isso ouvindo os ensinamentos de uma orientadora religiosa feita pela veterana Aurore Clément impedindo assim que o marido fosse infiel).

Não consegui me convencer com a crise da heroína porque o filme a havia marcado como uma estudiosa e informada filósofa familiar com todos os textos e portanto capaz de racionalizar e entender o processo que sentiu. Enfim, essa parte da situação não esta bem colocada, na necessidade de fazer ela se apaixonar pelo árabe nem que fosse para justificar a tese libertaria da diretora. Mas o filme dá uma visão interessante, sem forçar a polemica de um problema real e mais contemporâneo do que se pode imaginar. Tudo mostrado com simplicidade, boa fotografia e até talento. Valorizado também pela presença da sempre competente Elza Zylberstein (Farinelli, Modigliani, Jefferson em Paris) como a irmã mais velha. (Rubens Ewald Filho na Coluna Clássicos de 22 de julho de 2006)