Crítica sobre o filme "Happy Feet - O Pingüim":

Rubens Ewald Filho
Happy Feet - O Pingüim Por Rubens Ewald Filho
| Data: 14/03/2007

Não é mais uma fitinha de animação como estas que tem inundado o mercado. É uma nova produção do grande produtor e diretor australiano George Miller (o mesmo das séries Mad Max e Babe, o Porquinho). Que também é um grande filme musical (imaginem uma fita que tem a ousadia de começar com um duelo de Nicole Kidman e Hugh Jackman!) que na meia hora final dá uma reviravolta se torna uma ousada denuncia da desumanidade do Homem e seus crimes contra o Meio Ambiente. Que chega até a ser perturbadora e muito mais eficiente do que Uma Verdade Inconveniente do Al Gore. Não sei até que ponto as crianças embarcam nessa variante de gêneros. Mas a critica tem considerado este Happy Feet como o melhor filme de animação do ano, sem cair na imitação do estilo Pixar.

Também não é verdade que tenha imitado o documentário A Marcha dos Pingüins, já que ele foi iniciado faz muito tempo (leva -se anos para fazer uma animação). Ainda assim tem semelhança de temática, ao mostrar a mesma raça de pingüins, seu comportamento e principalmente o hábito que tem de cantarem (claro que na língua deles, aqui interpretam musicas pops de sucesso do Kiss, Queen, Prince, Sinatra). É a historia de um pingüim que não sabe cantar, em vez disso ele sapateia. Isso o torna naturalmente um desajustado e um pária no seu clã que o desprezam e envergonham os pais. O herói vai para outra comunidade, onde encontra quem o aprecie (um grupo de latinos liderados por Robin Williams, que alias faz três vozes com seu habitual brilhantismo Ramon, Lovelace e Cletus). Eventualmente ele sairá pelo mundo, renegando o falso misticismo, para tentar descobrir as causas que estão acabando com os peixes, ou seja, afetando a subsistência dos habitantes do Norte Gelado. Não apenas os números são cativantes, muito bem humorados e sacados (quem surpreende pela voz é Brittany Murphy como a mocinha e interesse romântico) mas principalmente a técnica inovadora é impressiona mais. Miller fez duas viagens ao Pólo Norte, onde capturou as impressionantes imagens que depois transpôs para animação. E o resultado é sensacional. Mas que chega realmente ao clímax quando mostra também seres humanos integrados na historia (não quero estragar o prazer, basta dizer que tudo é muito bem bolado e tecnicamente notável. Ao que lembro seria a primeira vez que se mistura atores ao vivo com animação de computador).

Com uma mensagem importante (sobre a aceitação do diferente, ilustrado por uma triste lição de moral, diante da cegueira humana), Happy Feet, não deixa de ser também alegre, divertido e muito engraçado. Não deixem de ver. (Rubens Ewald Filho na coluna Clássicos de 28 de novembro de 2006)