Crítica sobre o filme "Castelo de Minha Mãe, O":

Eron Duarte Fagundes
Castelo de Minha Mãe, O Por Eron Duarte Fagundes
| Data: 16/04/2007
Yves Robert está bastante longe de poder ser considerado como um dos maiores cineastas franceses, mas suas narrativas são características do cinema praticado na França: imagens pudicas e bonitas, uma ironia de texto que vem da literatura, um bucolismo sentimental agridoce. Elementos que em cineastas maiores como Eric Rohmer ou François Truffaut renderam obras-primas.

O castelo de minha mãe (Le château de ma mère; 1990) não será uma obra-prima, mas é um belo exemplar do cinema de movimentos clássicos e literários de Robert. Invadindo as reminiscências autobiográficas do escritor Marcel Pagnol (1895-1974), Robert (1920-2002) faz um filme bom de ver, um tanto quanto amarrado em sua pose clássica, mas capaz de atingir adequadamente a sensibilidade média que todo espectador tem.

Com os anos, talvez Robert tenha perdido aquela soltura e aquela naturalidade exibidas em seu clássico A guerra dos botões (1961), extraído dum livro de Louis Pergaud escrito um pouco à maneira satírica de François Rabelais, que Pergaud tem por “o grande e verdadeiro gênio francêsâ€. Este sopro de rebeldia já não existe em Os castelo de minha mãe, mais puxando para o acadêmico e o bem-comportado, a despeito de um certo frescor que surge dos cenários das montanhas do interior da França e das personagens caracteristicamente puras e ingênuas.

Em suma, vale a pena conferir O castelo de minha mãe, lançamento em DVD da Gaumont e da Versátil, pois é um exemplar que foge à corriqueira vulgaridade da programação cinematográfica dos dias de hoje, marcada por motoqueiros fantasmas e homens-aranha. (Eron Fagundes)