O mesmo diretor e ator de Batman Begins se reúnem novamente num projeto mais pessoal e ainda intrigante (e que por coincidência faz lembrar O Ilusionista, que estreou nos EUA antes). Ambos tem a mesma temática, se passam na mesma época, mas no fundo são bem diferentes.
Preciso confessar que por algum trauma de infância ou coisa que o valha, não tenho muito interesse ou curiosidade pelas mágicas ou mágicos, que sempre me fazem sentir enganado. Então é sempre com certo distanciamento que observo um filme sobre o tema, mesmo que bem pesquisado (parece que o truque central da historia realmente existiu), difÃcil de seguir (porque muito complexo todo contado em flash-backs, aparentemente sem cronologia) e por fim exaustivo. Mas ao menos é diferente.
Basicamente é sobre um mágico (Bale, que cada vez mais fica com cara de vilão com seu lábio fino e verruga no olho) que é condenado à morte pelo assassinato de um colega seu (Hugh Jackman). A situação se complica muito com a entrada em cena de um outro personagem também feito por Hugh que é um Lorde inglês, obcecado em conseguir os segredos do rival, a tal ponto que ambos ficam com diários alheios. Então a trama corre paralela, o Lord na América encontra um inventor excêntrico feito por David Bowie, o roqueiro que depois de certo tempo retorna ao cinema (o sotaque que ele usa é muito estranho, achei que estava imitando o Charlie Chan!). Enquanto também se conta a relação da dupla, desde que Bale aparentemente foi o causador da morte da mulher de Hugh, que por causa de um nó mal dado acabou morrendo afogada. Isso provoca então a sucessão de vinganças mútuas, que por vezes espantam, por vezes aborrecem.
Com uma narrativa irregular, o filme (que é sobre a obsessão) vai chegando ao clÃmax que modifica o livro original sendo que na cena final vira ficção-cientifica e para mim se perde. Acaba indo longe demais na tentativa de ter um final surpresa. Também me incomoda muito a direção de atores, ambos mal fotografados e envelhecidos, caindo por vezes no exagero e canastrice. Scarlett tem mais uma aparição onde não deixa maior impressão.
O titulo original Prestige, se refere a terceiro parte da apresentação do mágico, onde sempre há uma surpresa e um truque que nunca pode ser revelado. Até porque, diz o filme, o publico sempre quer enganado. (Rubens Ewald Filho na coluna Clássicos de 22 de novembro de 2006)