Crítica sobre o filme "Minha Vida Sem Minhas Mães":

Eron Duarte Fagundes
Minha Vida Sem Minhas Mães Por Eron Duarte Fagundes
| Data: 11/05/2007
Os povos nórdicos tem uma maneira de se relacionar com os sentimentos humanos que difere bastante de nosso jeito latino e por isso causam uma certa estranheza. Esta nordicidade sentimental se evidencia no cinema que vem de lá e a estranheza do espectador se acentua dada a raridade de um filme nórdico por aqui, especialmente depois que o sueco Ingmar Bergman deixou de dirigir para cinema há mais de vinte anos.

Minha vida sem minhas mães (2005), produção finlandesa dirigida por Klaus Härö, é um destes encontros cinematográficos que espantam o espectador e, depois de algum tempo de projeção, passam a conquistar nossos desconfiados corações latinos. Härö dirige com delicadeza e sensibilidade seu drama ambientado entre a Finlândia e a Suécia durante a II Guerra Mundial; e com uma segurança de tons que transformam a realização numa bela narrativa.

Um homem já entrado em anos rememora com uma velha senhora que é sua mãe as experiências comuns na Finlândia invadida pelo conflito bélico europeu dos anos 40: isto se dá em preto-e-branco. Nas cenas a cores este homem é um menino finlandês que, após a morte do pai, foi dado por sua mãe a um orfanato que o endereçou a uma família sueca; as ligações a princípio difíceis do garoto com a mãe sueca, a ascensão dos sentimentos entre ele e esta mãe que antes perdera uma filha pequena afogada, a dolorosa separação quando o menino tem de voltar para sua mãe de sangue são os elementos narrativos que o realizador finlandês exercita com rigor e sensibilidade.

Minha vida sem minhas mães funciona também como um curioso retrato rural do interior de Suécia nos bélicos anos 40. Em suma, uma película que merece ser descoberta pelos apreciadores de obras diferenciadas. (Eron Fagundes)