Por Jorge Saldanha
| Data: 15/05/2007
Na primeira metade dos anos 1960, duas séries de ficção cientÃfica fizeram grande sucesso na televisão americana: Além da Imaginação (The Twilight Zone) , de Rod Serling, e Quinta Dimensão (The Outer Limits) , de Joseph Stefano. Apesar de serem antologias (cada episódio é independente, com temática e personagens variados), possuÃam grandes diferenças: enquanto a primeira trilhava também os caminhos da fantasia, a segunda se prendia exclusivamente à ficção cientÃfica. Ambas passaram na TV aberta brasileira há uns 40 anos, e lembro que, ainda criança, alguns de seus episódios me davam medo. Principalmente de Quinta Dimensão, com seus alienÃgenas, monstros, robôs e cientistas malucos. Até mesmo a narração inicial, e depois a final (que normalmente trazia alguma lição de moral do tipo “isto é o que o homem ganha por querer brincar de Deusâ€), me dava arrepios. Apesar de Além da Imaginação ter ressurgido posteriormente na TV e inclusive ter dado origem a um filme razoável (No Limite da Realidade, 1983), foi Quinta Dimensão que, 32 anos após sua estréia, conseguiu retornar com uma nova versão que fazia jus à original, e que durou nada menos que sete temporadas. Originalmente produzida pela MGM para o canal a cabo Showtime, ela estreou em 1995 com o episódio-piloto “Reis da Areiaâ€, tÃpico da tradição da série original (com narração e tudo, além da clássica introdução “Não há nada de errado com a sua televisãoâ€).
Ele trata de um cientista, Beau Bridges, que é consumido pela obsessão em criar insetos inteligentes, chocados a partir de ovos encontrados em amostras de solo marciano. Os episódios seguintes, com 45 minutos cada, mantiveram o padrão com histórias inteligentes escritas especialmente para a série ou adaptadas livremente de obras de autores como Melinda Snodgrass e George R.R. Martin. Por exemplo o episódio “Eu, Robôâ€, como já indica o nome, foi inspirado pela clássica obra de Isaac Asimov. Apesar de na época contar com os melhores recursos disponÃveis para a TV, os efeitos visuais em CGI hoje podem ser considerados precários – o que não tira a força da série, baseada principalmente em roteiros bem escritos e ótimas atuações de atores e atrizes conhecidos do cinema e da televisão. Nestes episódios temos as participações, entre outros, de Nancy Allen, Michael Dorn, Robert Patrick, Leonard Nimoy, David Warner, Lloyd e Beau Bridges (que no episódio piloto repetem sua relação de pai e filho da vida real). Por ser produzida para um canal a cabo, a série pôde ousar mais em termos de violência, nudez e temas mais adultos, o que reforça a impressão de estarmos assistindo a um filme de 45 minutos, e não a um programa de TV.