Crítica sobre o filme "Infiel":

Eron Duarte Fagundes
Infiel Por Eron Duarte Fagundes
| Data: 17/05/2007
A norueguesa Liv Ullmann, que foi esposa e atriz do cineasta sueco Ingmar Bergman, segue inevitavelmente as pegadas de seu mestre em suas incursões pela direção cinematográfica. Depois de Sofie (1991), o espectador brasileiro tem a oportunidade de deparar com Infiel (Trolossa; 2000), cujo roteiro, de autoria do próprio Bergman, acompanha os dilemas dum triângulo amoroso revelado a partir dos flash backs inseridos durante uma sessão psicanalítica presidida pela personagem de Erland Josephson, um dos atores-fetiche de Bergman e que contracenou com Liv em Cenas de um casamento (1974), de Bergman, e em sua esplendorosa “continuação†Sarabanda (2003).

O rigor da condução cênica parece o mesmo dos filmes de Bergman, tudo é muito estático e teatral exigindo o máximo dos atores, o jogo de luz e sombra é cuidadosamente iluminado (o quarto vermelho dos amantes é um dado bergmaniano que remete a Gritos e sussurros, 1972, talvez a ponto mais perfeito da filmografia de Bergman e de cujo elenco Liv participou). Mas o que falta a Liv é a genialidade de Bergman para transmitir vigor espiritual à plasticidade da imagem.

Mesmo assim, longo e bastante conversado, Infiel é uma obra que vale a pena degustar. (Eron Fagundes)