De volta da viagem, finalmente fui ver esta versão para o cinema do famoso seriado, de quem era fã nos tempos do preto e branco e elenco original. Apesar do seu êxito nunca consegui me ligar nesta nova versão que me parece excessivamente caricata e puxada para um humor de chanchada, que chega perto do Zorra Total. Nesse sentido, o filme é melhor. O elenco esta especialmente bem, conseguindo mesmo dar um viés humano aos personagens e situações. Mesmo que nada ajudado por um roteiro truncado e mal desenvolvido.

São tantas as possibilidades da historia de uma família carioca comum (gostei da situação geográfica dela mas me espantei com a cenografia que parece achar que mais quinquilharias é melhor) que a gente lamenta que o filme seja menos engraçado. O mais assustador, porém é sua má qualidade técnica. Rodado em Alta Definição, parece que eles ainda não sabem lidar com esse equipamento. A cor varia de plano para plano (reparem na cor da pele dos atores, Nanini coitado parece cinza o tempo todo), o enquadramento é horrível, a colocação de câmera quase sempre chama a atenção para si, de tão desajeitada. Ou seja, só contribui para o velho preconceito do espectador que achava que cinema nacional era mal feito.

A historia usa um velho truque de vários filmes de contar três diferentes versões do mesmo fato, mas há poucas diferenças, medo de ousar, de inventar mais e no fundo parecem repetições ligeiramente diferentes e sempre pouco divertidas do mesmo caso (Nanini, ou seja, Lineu fica preso num carro numa ilha de trem e ira morrer sendo abalroado pelo trem. Mas antes tem duas chances de consertar tudo).

Se tecnicamente o filme é péssimo, se como roteiro é fraco, só mesmo pelo prazer de ver os atores salvando o que podem (em particular num tipo delicioso a ótima Andréa Beltrão que se não me engano como leitor da Contigo, é mulher do diretor). (Rubens Ewald Filho na coluna Clássicos de 17 de fevereiro de 2007)