Crítica sobre o filme "It – Uma Obra-Prima do Medo":

Jorge Saldanha
It – Uma Obra-Prima do Medo Por Jorge Saldanha
| Data: 14/06/2007
Já fui um grande fã dos livros de Stephen King, mas hoje não acompanho regularmente seus lançamentos que, na minha opinião, não estão mais à altura de sua obra lançada até o final dos anos 1980. Desta, destaco livros como O Iluminado, A Hora do Vampiro e It – A Coisa, sendo este último uma leitura que, apesar de extensa (levei um susto quando vi pela primeira vez seus dois grossos volumes), é fascinante e traz alguns dos mais efetivos recursos narrativos do escritor. Temas como a ameaça sobrenatural que ronda uma pequena cidade do Maine, ou o de um grupo de amigos de infância que volta a se reunir em torno de um objetivo comum, são recorrentes nas tramas de King. Cito como exemplo mais recente o fraco Apanhador de Sonhos, que adaptado para o cinema resultou num filme ainda pior. Mas em It King estava no auge de sua forma, e a utilização desses recursos e temas foi feita de modo exemplar. O livro tornou-se um dos maiores best-sellers do autor, e Hollywood não demorou para adquirir os direitos de filmagem. Mas havia um problema: por ser muito extenso o livro teria de sofrer cortes drásticos para virar um filme, e a solução encontrada foi adaptar It não para o cinema, mas sim para a televisão, na forma de uma minissérie em quatro episódios.

Com pouco mais de três horas de duração, a minissérie foi dirigida em 1990 por Tommy Lee Wallace, associado de menor talento do diretor John Carpenter. Infelizmente a produção acabou sofrendo das restrições da TV da época – elenco medíocre (onde se destaca principalmente Tim Curry como Pennywise), orçamento pequeno (os efeitos visuais na aparição final da Coisa são ruins), limitação da violência e direção burocrática. Mas se It – Uma Obra-Prima do Medo está longe de ser uma das melhores adaptações do autor (como O Iluminado e À Espera de um Milagre), também não é uma Colheita Maldita, por exemplo. A minissérie, apesar de sem dúvida não ter boa parte do impacto que havia no livro, preservou o suficiente da obra de King para provocar e manter o interesse do espectador, pelo menos até o seu final decepcionante. O resultado é recomendado principalmente para os fãs de King, e espero que, a exemplo do que aconteceu com A Hora do Vampiro (originalmente adaptada para a TV em 1979 e que ganhou uma ótima refilmagem lançada em DVD por aqui com o título A Mansão Marsten), It retorne no futuro com uma versão que esteja à altura do livro.