Crítica sobre o filme "Diamante de Sangue":

Rubens Ewald Filho
Diamante de Sangue Por Rubens Ewald Filho
| Data: 16/06/2007

Tem um defeito grande: é daqueles filmes com uma mensagem, entre aspas mas letras maiúsculas. Tem o propósito determinado de provar uma tese e demonstrar para o incauto publico que nunca se interessou ou teve oportunidade de saber, que ao comprar um diamante de noivado numa loja, você pode estar financiando uma guerra civil na Ãfrica. Ou seja, é provável que nos todos sejamos cúmplices ao comprar sem critérios e dessa forma, ajudando o caos africano. O resultado do sermão é que o filme além de fracassar nas bilheterias americanas serviu para as firmas que lidam com brilhantes procurarem serem mais criteriosas nas compras (o que duvido muito que aconteça).

Mas se for capaz de perdoar o fato e aceitar nossas mãos cheias de sangue, o filme é competente, bem dirigido por Zwick (que fez antes O Ultimo Samurai com Tom Cruise) e traz nova grande interpretação de Leonardo Di Caprio, adulto e heróico, mesmo fazendo o personagem do anti herói. Isso já lhe rendeu uma indicação ao Globo de Ouro mas lhe criou um problema porque concorre contra ele mesmo (por Os Infiltrados), e o mesmo deve suceder no Oscar, ou seja, ele pode se eliminar. Isso não lhe tira os méritos de um trabalho generoso, convincente, como um mercenário Danny Archer que troca diamantes por armas e tenta salvar um africano (o excelente Djimou Houson, outro que pode ser premiado) Solomon, que perdeu tudo (a família, as terras) e foi levado como escravo nas minas de diamantes. Por acaso,encontrou um raro diamante cor de rosa, que conseguiu esconder durante um bombardeamento.

Unindo forças, passando por muitos perigos (o filme é nota dez em Ação e exemplar como aventura) a dupla tenta formar uma ligação de mutuo beneficio. No jogo entra também de forma não muito convincente, uma jornalista americana que deseja denunciar os crimes e os bandidos do alto escalão formando um pacto com Di Caprio ( essa é uma simplificação do roteiro, já que na vida real as coisas não são assim tão simples). Felizmente o papel é feito pela sempre linda e excelente Jennifer Connelly, que tem uma ligação romântica com o herói sem cair nos exageros.

Na verdade, incomoda no filme ele tenta fazer nossa cabeça, nos conscientizar, a qualquer custo. Fora isso, é uma grande aventura com grandes atores. (Rubens Ewald Filho na coluna Clássicos de 17 de janeiro de 2007)