Francis Ford Coppola é um dos que assinam como co-produtores deste filme longo (167 min) e que foi esquecido pelo Oscar (foi indicado apenas como direção de arte) e rejeitado pelo publico americano. Mesmo assim levou um prêmio especial no Festival de Berlim, para todo o elenco por notável contribuição artÃstica. Uma forma delicada de homenagear o diretor Robert DeNiro que conseguiu reunir um elenco excepcional (que inclui até mesmo Joe Pesci, que saiu da aposentadoria porque esta muito doente, para fazer uma rápida ponta).
O fato, porém é que DeNiro não tem muita experiência na direção (fez apenas um filme anteriormente, o razoável Desafio no Bronx, 93) e fica difÃcil justificar seu interesse por um assunto tão árido e pouco popular nesses tempos de Guerra do Iraque e falência do governo Bush que provoca denuncias de abusos de todos os órgãos governamentais americanos. Ou seja, embora seja seu projeto de estimação em que trabalhou cerca de dez anos, não parece o momento certo de fazer o elogio daqueles que criaram o órgão de espionagem oficial, a famigerada CIA. Talvez mais lembrada por sua incompetência do que suas honras.
Este O Bom Pastor (que nada tem a ver como o homônimo dos anos 40 em que Bing Crosby fazia um padre e ganhou um Oscar) é uma historia arrastada centrada na figura de um burocrata, certamente não o mais eletrizante dos heróis , um certo Edward Wilson (Matt Damon correto como sempre em papel previsto para Di Caprio) que em 1961 tem problemas quando se envolve na chamada Baia dos Porcos (aquela desastrada tentativa dos americanos em invadirem Cuba). Volta-se então em longo flash back para sua historia desde 1939, quando era aluno da Faculdade de Yale que aceita entrar para uma Sociedade Secreta (de hábitos nojentos como lutar nu na lama onde os veteranos urinam neles!). Mas são esses contatos que o levam para um trabalho em Londres durante a Segunda Guerra onde trabalha com espionagem. Eventualmente se casa também com uma bela mulher rica (um papel ingrato para Angelina Jolie). Mas o filme não explora muito o assunto deixando o fracasso do casamento por conta do desinteresse do herói que chega mesmo a desleixar do único filho que fazia tudo para lhe agradar.
Na verdade, o filme não chega a cansar por causa do seu excelente elenco, da cuidadosa recriação de época, de alguns momentos mais curiosos. Mas nem por isso também se torna edificante ou emocionante. A historia embora inspirada em fatos reais traz tudo disfarçado (Damon seria variação do criador da CIA James Jesus Angelton, o traidor seria Kim Philby, o papel de DeNiro o general William Donovan, o de Hurt em Allen Dulles e assim por diante). Com perguntou o Hollywood Reporter, quem poderia imaginar que DeNiro tem tal fascinação com espionagem e polÃtica internacional? (Rubens Ewald Filho na coluna Clássicos de 17 de março de 2007)