Crítica sobre o filme "Battlestar Galactica – 3ª Temp.":

Jorge Saldanha
Battlestar Galactica – 3ª Temp. Por Jorge Saldanha
| Data: 15/10/2007
A primeira parte da terceira temporada desta que muitos consideram a melhor série sci fi dos últimos anos (já eu acho que é a nova versão de Doctor Who) mostra a dominação dos humanos no planeta Nova Caprica, onde a frota de sobreviventes resolve se estabelecer. A temporada anterior terminou com a chegada de várias naves-base cylons, o que obrigou a Galactica, a Pegasus e o restante da frota a fugir, abandonando as pessoas na colônia do planeta. O programa muda radicalmente nesse período, personagens conhecidos sofrem transformações radicais (Apollo vira um gordo depressivo, Starbuck casa-se em Nova Caprica, Tigh vira líder da resistência), mas acima de tudo o cenário de Nova Caprica é usado para fazer um paralelo com a ocupação militar do Iraque pelos EUA. Subjugados por um líder que é um mero fantoche nas mãos dos invasores, os humanos adotam as mesmas práticas adotadas pela guerrilha iraquiana, inclusive atentados aos cylons com homens-bomba, o que não raro também mata pessoas inocentes. Mais adiante a série também discute a questão do colaboracionismo, quando uma espécie de “esquadrão da morte†a bordo da Galactica passa a executar sumariamente pessoas que trabalharam para os cylons em Nova Caprica. Essa abordagem terá seu clímax quando, após desbaratado o esquadrão, Gaius Baltar é levado a julgamento, acusado de ter cometido crimes contra a humanidade. Um grande alvoroço surgiu também quando, em determinado ponto, os humanos descobrem um vírus que afeta apenas os cylons, e muitos passam a defender o genocídio para derrotar o inimigo.

Discussões políticas e morais à parte, a série mostrou uma evolução considerável dos cylons humanóides. Sabemos mais sobre suas motivações e misticismo, temos visões de suas rotinas dentro das naves-bases, reforçando a impressão de que eles, criados pelos humanos, estão cada vez mais parecidos com seus criadores. Mas o grande hype da temporada foi a morte de um dos personagens principais e a revelação da identidade de quatro dos cinco modelos de cylons híbridos que ainda eram desconhecidos, e estavam infiltrados na frota. A série sempre colocou o drama e os personagens acima da ação e efeitos visuais, mas volta e meia ela traz momentos espetaculares, como a Galactica entrando na atmosfera de Nova Caprica e lançando seus caças, a Pegasus enfrentando as naves-bases e a frota fugindo de uma supernova. Os efeitos em CGI, como sempre, são excelentes. Infelizmente, quando o foco da ação volta para bordo da Galactica, a exemplo da temporada anterior chegam alguns episódios chatos e dispensáveis, que fogem do arco principal da série e, segundo o produtor Ron Moore, foram feitos a pedido do Sci Fi Channel, que achou interessante ter histórias independentes para atrair novos espectadores em potencial. O problema é que as tramas escolhidas foram tenebrosamente monótonas, e obviamente novos espectadores não foram atraídos. Pelo contrário, a audiência caiu e a série correu o grave risco de ser cancelada. Felizmente isso não aconteceu, e Battlestar Galactica foi renovada para uma quarta e última temporada em 2008, precedida do longa em DVD Razor. Espero que, desta vez, aqueles que fielmente acompanham a série desde o seu início sejam melhor tratados.