Crítica sobre o filme "Lost - 3ª Temporada":

Jorge Saldanha
Lost - 3ª Temporada Por Jorge Saldanha
| Data: 21/10/2007
Lost estreou em 2004 arrebatando as audiências da televisão, ao introduzir uma forma inovadora e criativa para narrar a história dos sobreviventes da queda de um avião de passageiros, numa ilha repleta de segredos. A primeira temporada serviu para introduzir os personagens principais, mostrando seu passado em flashbacks, e também os grandes mistérios de uma ilha que parece estar isolada no tempo e no espaço. Na segunda surgiram novos personagens, e começamos a descobrir mais um pouco sobre o Projeto Dharma, estabelecido na ilha nos anos 1980 para tentar desvendar seus segredos. No entanto, logo se notou a clara intenção de esticar a premissa da série ao máximo possível, com episódios dispensáveis. J. J. Abrams, após ser contratado pela Paramount para dirigir filmes, afastou-se da produção executiva, e o primeiro sintoma notável de que havia mesmo algo errado surgiu quando os produtores restantes afirmaram categoricamente que Lost não era uma série sci fi, quando estava na cara de qualquer espectador que a série trazia várias premissas e conceitos típicos de ficção científica.

No final da segunda temporada a série já era um claro exemplo do mal que pode fazer o sucesso, porém em boa parte desta terceira (já exibida pelo canal pago AXN) as coisas melhoraram – apesar de terem matado, relativamente no início, o melhor personagem que havia sido introduzido no ano anterior. Aliás, prepare-se para outras mortes, até mesmo a de um personagem principal. O ritmo torna-se mais ágil, os “Outros†ganham destaque (inclusive também com direito a flashbacks), e boa parte da ação se desenrola onde vivem. Um atrativo à parte foi a participação do ator brasileiro Rodrigo Santoro como o personagem Paulo, fato que provavelmente será alardeado pela Globo quando a emissora exibir esta temporada ano que vem. Ao final do terceiro episódio Paulo e sua namorada Nikki (Kiele Sanchez), que até então faziam parte dos sobreviventes “anônimosâ€, começam a participar das tramas de alguns episódios. Aparentemente os roteiristas estavam reservando um papel relevante para o novo casal nesta temporada, apesar de suas aparições sempre serem esparsas e com poucos diálogos (principalmente de Santoro). Mas os episódios foram passando, e ambos pouco fizeram até chegarmos a “Exposéâ€, onde o casal finalmente ganhou o primeiro plano - mas certamente de uma maneira que Santoro e sua colega de elenco não gostariam.

Sem entregar detalhes para quem ainda não viu esta temporada, só digo que os roteiristas fizeram ambos pagarem um grande mico. Do jeito que ficou, fica reforçada a impressão de que os criadores introduzem personagens, elementos e tramas sem saber no que tudo vai dar, na linha do "isso não faz nenhum sentido, mas depois daremos um jeito". O problema maior de Lost é que, conceitualmente, ela deveria ser uma mid-season, ou no máximo, ter só uma temporada cheia. Mas fez tanto sucesso que já anunciaram que a série vai ter seis temporadas. A terceira termina numa reviravolta que aparentemente leva o programa para rumos inesperados. Contudo, se isso será suficiente para manter a série no ar por mais três longas temporadas, é uma outra história.