Crítica sobre o filme "Orgulho e Paixão":

Eron Duarte Fagundes
Orgulho e Paixão Por Eron Duarte Fagundes
| Data: 01/11/2007
Tudo parece muito arrastado em Orgulho e paixão (The pride and the passion; 1957), convencionalíssimop super-espetáculo histórico dirigido pelo norte-americano Stanley Kramer. Desde o início, a calculada organização do plano cinematográfico, suas épicas articulações das cenas de multidões, sua estática e desastrada composição das seqüências de batalha produzem um academicismo formal rançoso e distanciado para o espectador de hoje. As convenções de narrar são excessivamente controladas para produzir qualquer espécie de emoção mais profunda no observador; aquilo que se estabelece inicialmente como uma visão (hollywoodianamente impessoal) em torno da ocupação napoleônica na Espanha do século XIX a partir do ponto de vista das tropas espanholas, logo vai tornar-se num melodrama insosso para mais um triângulo amoroso do cinema —o guerreiro espanhol Miguel, ao valer-se dos conhecimentos técnicos do capitão britânico Anthony Trumbell para combater o inimigo gaulês, vai ter de disputar com o inglês o amor da espanhola Juana.

Diretor inconsistente de atores, mais preocupado com a plasticidade (hoje caduca) das seqüências, Kramer deixa Cary Grant mergulhar em seu estrelismo canastrão, não sabe evitar a falta de jeito de Frank Sinatra como ator e permite que a grande Sophia se amanteigue demais em seu papel. Quem desfrutou da sábia ingenuidade de Grant sob o inglês Alfred Hitchcock e conhece a energia interpretativa de Sophia, sente saudades.

Orgulho e paixão é um filme em que nada funciona: o tempo lhe foi implacável. (Eron Fagundes)