Crítica sobre o filme "Fenda No Tempo":

Jorge Saldanha
Fenda No Tempo Por Jorge Saldanha
| Data: 05/11/2007
Insatisfeito com a maior parte das adaptações de seus best sellers para o cinema, a partir dos anos 1990 o escritor Stephen King esforçou-se para que, no lugar de filmes, seus livros fossem transformados em minisséries para a TV. A vantagem desse formato é óbvia – com maior duração, a minissérie pode ser bem mais fiel ao texto original, sem que precise recorrer a cortes ou alterações expressivos da trama e permitindo o maior desenvolvimento dos personagens. Muitas vezes o próprio King envolveu-se na produção, tendo inclusive roteirizado em 1997 a minissérie de O Iluminado. Mas apesar do esforço do escritor, essas produções herdaram a mesma sina da irregularidade dos filmes. Se para a TV houve adaptações bem sucedidas como A Dança da Morte (The Stand, 1994) e a mais recente A Mansão Marsten (Salem´s Lot, 2004), também houve aquelas em que a precariedade da produção acabou comprometendo o resultado final. Este é o caso de Fenda no Tempo, misto de ficção científica e terror baseado no conto “The Langoliers†do livro “Four Past Midnightâ€. A minissérie, dirigida e roteirizada por Tom Holland (A Hora do Espanto, 1985), tem no elenco rostos conhecidos da televisão como Patricia Wettig, Dean Stockwell, David Morse e Frankie Faison, e até começa bem, assim se mantendo por um bom tempo graças a um intrigante conceito de King e por mostrar personagens interessantes tentando desvendar o mistério por trás do sumiço das outras pessoas. Destaca-se o escritor Bob Jenkins (Stockwell), um alterego de King que aos poucos, utilizando-se de seu raciocínio e dedução, chega a uma fantástica explicação para o que aconteceu. Apesar de alguns momentos clichês, Holland consegue criar um convincente clima de claustrofobia e terror crescente, primeiro a bordo do avião e posteriormente em um aeroporto deserto do Maine, onde ele eventualmente acaba pousando. Infelizmente, a exemplo do que já ocorrera com a minissérie It – Uma Obra-Prima do Medo (1990), todo o suspense e tensão construídos são comprometidos quando surgem na tela efeitos visuais baratos. Nas tomadas externas do avião já dava para notar que os efeitos CGI estavam longe de ser um primor, mas as animações precárias usadas para materializar na tela os Langoliers do título original são bem ruins. Uma pena, já que na maior parte do tempo a minissérie foi extremamente fiel ao texto de King que, a exemplo de Holland, faz uma ponta.