Crítica sobre o filme "Dança da Morte, A":

Jorge Saldanha
Dança da Morte, A Por Jorge Saldanha
| Data: 23/11/2007
Fãs de horror e de Stephen King em especial consideram A Dança da Morte (The Stand) um dos melhores livros do popular escritor. Não sei se de fato é o melhor, mas sem dúvida é uma obra que, apesar de suas aproximadamente 800 páginas, prende o leitor do início ao fim e é uma demonstração da capacidade criativa de King. Muito se falou numa possível adaptação cinematográfica do livro, e houve mesmo um projeto que seria tocado pelo cultuado diretor de filmes de horror, George A. Romero. Porém King, insatisfeito com os cortes e alterações feitos na maioria dos filmes baseados em seus extensos livros, passou a apoiar adaptações de sua obra para a TV, em forma de minisséries. E foi assim que em 1994, sob a direção de Mick Garris, diretor conhecido por sua associação com o gênero fantástico, A Dança da Morte chegou à televisão americana. Com suas seis horas de duração divididas em quatro partes, a minissérie é considerada a melhor transposição de um livro de King para a TV. Não que ela seja algo excepcional, mas há razões que justificam esse entendimento.

Para começar, temos a cativante trama do livro – o velho confronto do Bem contra o Mal, agora travado num futuro no qual 99% da raça humana foi dizimada por um vírus de gripe desenvolvido pelo governo americano. Os sobreviventes, imunes ao vírus, têm sonhos com duas pessoas: a centenária Abagail e o sinistro Randall, cabendo a eles decidir de qual lado ficarão no confronto que se aproxima. Mais uma vez na obra do escritor um grupo de pessoas comuns se une para enfrentar uma poderosa força maligna, e vista superficialmente a história não parece ser muito empolgante. Porém King, que também escreveu o roteiro da minissérie, lança mão de seus efetivos recursos estilísticos para criar momentos emocionantes e profundamente humanos. O elenco, onde se destacam o ótimo Gary Sinise, Molly Ringwald, Ruby Dee, Ray Walston e Rob Lowe (que dez anos depois estrelaria outra bem sucedida minissérie baseada em King, A Mansão Marsten) foi bem escolhido. Fãs do terror reconhecerão em pontas o próprio King e os diretores John Landis (Um Lobisomem Americano em Londres), Sam Raimi (trilogia A Morte do Demônio) e Mick Garris.

O nível de produção, desta vez, é muito bom (ao contrário de Fenda no Tempo, por exemplo), o que permitiu a criação de elaborados efeitos de maquiagem e uma ótima trilha musical. Apesar de limitado, Garris se saiu melhor que a encomenda na direção, considerando a grandeza do projeto. Sem dúvida ajudou bastante o fato de ele conhecer bem o tipo de material com que estava lidando, por já ter trabalhado com King em ocasiões anteriores. Claro que houve algumas mudanças em relação ao livro, determinadas seções dele poderiam ter sido mais exploradas e o final, para variar, foi simplificado. Mas não há dúvida que, de modo geral, a minissérie faz justiça ao original de King, e assisti-la é tarefa obrigatória para qualquer fã do escritor.