Crítica sobre o filme "Duro de Matar 4.0":

Rubens Ewald Filho
Duro de Matar 4.0 Por Rubens Ewald Filho
| Data: 15/12/2007

Correndo por fora contra os blockbusters do ano, o quarto “Duro de Matar” perde terreno, porque chega tarde na temporada. Mas fez uma carreira decente nos EUA, rendendo até agora  U$ 116 milhões (mesmo sem ter estado em primeiro lugar nos fins de semana). Quase 20 anos depois do primeiro “Duro de Matar” (1988), e 12 anos depois do anterior (‘Duro de Matar, a Vingança’ - 1995), a série foi pioneira no uso de uma fórmula (um homem sozinho luta contra um ataque terrorista), que sofreu muito porque:1) Foi por demais imitada, com infinita variações, mudando apenas a localização; e 2) Se tornou premonitória, quando sucederam os ataques de 11 de setembro de 2001, que infelizmente se tornaram uma dura realidade. Mas não foi má idéia trazer de volta o herói John McClane, já que Bruce Willis envelheceu bem e pouco (está até relativamente contido aqui), e a direção coube ao competente Wiseman (que acertou nas duas aventuras de vampiros, ‘Underworld‘).

Na verdade, é um exuberante thriller de ação quase contínua, com cenas espetaculares (que só perdem mesmo para "Transformers"), desde que você esteja disposto a aceitar aquilo tudo como cinema, fantasia, já que não tem a menor lógica ou credibilidade. Nesse caso, embarque com McClane (agora divorciado, ele tem que cuidar da filha adolescente e rebelde, feita pela interessante Mary Elizabeth Winstead), que é agente da Polícia de Nova York (é utilizado no pôster americano um grito de guerra do herói: Yippee Ki Yay Mo - John 6:27), que francamente não havia me marcado.

E o título americano é uma referência à frase lapidar do estado de New Hampshire. Enfim, era preciso assumir a realidade de alguma forma, e isso sucede na figura do vilão (o jovem Olymphant, de ‘Pegue ou Largue‘, e da série de TV ‘Deadwood‘), que trabalhava na segurança dos Serviços de Internet e Computação do Governo, alertando do perigo que corriam, necessitando de modernização e cuidados. Quando é desprezado, revolta-se e resolve virar bandido e, como os anteriores, buscando apenas lucro material, ainda que para isso provoque mortes e prejuízos (ele teria sido inspirado num expert em contra-terrorismo, Richard A. Clarke, e até Bill Gates).

McLane vai se envolvendo no caso e acaba se unindo a um jovem hacker (o simpático Justin Long), que será seu parceiro numa sucessão de aventuras, cada vez mais loucas e improváveis (uma delas com um caminhão que tenta escapar dos ataques de um avião de caça, fugindo por um viaduto que vai desmoronando). Também estará presente noutro clímax (quando eles entram na contramão num túnel onde não há luzes!). Ele ajuda muito também, entrando em sistemas, e convocando a ajuda de um superhacker (feito de maneira bem humorada pelo diretor Kevin Smith).

Outra presença marcante é da oriental Maggie Q (que já havia sido notada no último ‘Missão Impossível‘), que faz a companheira do bandido. Não há dúvidas de que os efeitos especiais conseguiram tornar mais eloqüentes as trombadas e desastres.

Muito bem realizado, delirante, divertido, bem humorado, “Duro de Matar 4.0” funciona bem e não faz feio. (Rubens Ewald Filho na coluna Clássicos de 13 de agosto de 2007)