O simpático, terno e extrovertido
Amor pra Cachorro é um filme que exala originalidade e, justamente por fugir de lugares comuns e tomar estradas nada habituais, ele poderá causar estranhamento em diversos tipos de audiência. Quem, porém, adora encarar uma história refrescante com personagens excelentes, o filme é um ótimo pedido. E, claro, para quem ama cachorros, a sessão poderá ser também um tanto proveitosa. O enredo gira em torno de Peggy, uma mulher em seus 40 anos que é um verdadeiro peixe fora d´água. Vivendo sozinha com seu fiel cãozinho, secretária inibida e seguindo a monotonia da vida, tudo muda quando seu cachorro tem um morte cruel, fazendo-a se culpar pelo ocorrido. É aà que Peggy decide tomar as rédeas de sua vida, tornando-se vegetariana e seguindo um caminho exageradamente cego que irá a todos os custos para proteger animais – com destaque aos cachorros, obviamente.
O diretor/roteirista Mike White já havia provado sua competência com o belÃssimo drama
Por um Sentido na Vida, do qual roteirizou. Aqui, ele assume pela primeira vez a cadeira da direção, e prova que possui competência ao filmar seus personagens sempre com um olhar curioso e uma maneira quase excêntrica. O destaque mesmo, porém, é seu roteiro cheio de pequenas virtudes, diálogos espertos e uma essência tocante. A trajetória de auto-descobrimento de Peggy desperta em nós mesmos uma inspiração peculiar de seguir seus passos e fazer algo com nossas vidas que faça alguma diferença e tenha algum significado. Quando o filme chega ao seu fim especialmente tocante, não conseguimos resistir à sua mensagem de que só seremos felizes se seguirmos nossas paixões. E testemunhar a carta de amor de Peggy é um deleite. Sempre divertido e dinâmico, ver Peggy adotar dezenas de cachorros em um canil, levá-los para casa e enlouquecer é algo, no mÃnimo, delicioso.
Mais doce ainda é a atuação inspiradÃssima de Molly Shannon, uma ótima comediante que traz algo amais à pelÃcula. Em sÃntese,
Amor pra Cachorro é um drama com pitadas em vezes fortes de comédia extrovertida (e sempre doce). Então Shannon, que é hilária, encaixou como uma luva no papel por trazer, também, uma densidade dramática especial, podendo comunicar milhões de sentimentos com meros olhares. Ao seu lado, podemos também nos divertir com as presenças de Laura Dern (como uma mãe controladora), John C. Reilly (como o vizinho inconveniente), Regina King (a amiga extravagante) e, claro, o ótimo Peter Sarsgaard, que surge como uma espécie de parceiro de Peggy por boa parte da sessão. A quÃmica entre o elenco é sempre ativa, e o longa nunca perde o ritmo ou o dinamismo especial que o torna uma "dramédia" tão encantadoramente dinâmica e real.
Ao lado de filmes como
Marley & Eu e
Um Hotel Bom pra Cachorro, este querido
Amor para Cachorro surge como um dos mais admiráveis filmes que resgatam – como verdadeiras cartas de amor – a paixão que podemos nutrir pelos animais (em especial, os cachorros, que parecem sempre estar ao nosso lado). Não só isso, mas é um ode, simples e pessoal, sobre o que podemos alcançar como seres humanos.
(Wally Soares – confira o blog Cine Vita)