Não sou um grande conhecedor (e, portanto, admirador) desta longa série de TV (a mais longa e bem sucedida em animação para a TV, em todos os tempos, estando no ar desde 1989. Ou seja: 18 anos e 400 episódios). Mas, certamente, sou minoria porque na sessão de imprensa lotada, todo mundo aguardava com expectativa as piadas, rindo entusiasticamente, felizes por finalmente estarem assistindo ao primeiro longa-metragem inspirado na série (a desculpa para demorar tanto seria a falta de tempo, já que animação é demorada, e cada episódio leva cerca de 6 meses ou mais para ficar pronto).
Pena que o filme seja tão mediano, com poucos achados e novidades. E com poucas sacadas (mesmo quando começam as piadinhas de meta-linguagem, tipo o comercial em subtítulos, como se fosse televisão, logo desistem e caem no convencional). Ou seja, se você até hoje não se deu ao trabalho de conhecer “Os Simpsons”, não precisa se abalar.
O longa é só para iniciados, que irão entender e curtir as referências, as piadas, e reclamar de algumas coisas (como a ausência de personagens secundárias, às vezes relegados a meras pontinhas e, no caso dos brasileiros, do dublador atual, que não é admirado por muita gente. Confesso que tive problemas para decifrar algumas frases, ditas de forma caricata).
A opção foi centrar na família e ter uma temática ecológica, dando a Homer Simpson a situação mais infeliz de sua carreira. Depois de transformar um porco em animal de estimação (aliás, se esquecem do bicho), joga as fezes dele no lago da cidade, que já estava com problemas de poluição. Isso provoca uma intervenção federal que coloca uma espécie de bolha de vidro em cima de Springfield, provocando a revolta dos cidadãos, que desejam linchá-los. Conseguem fugir e ir para o Canadá, e resolvem retornar, para salvar a cidade. Ou seja, ao menos tem uma mensagem ambiental importante (nem por isso ela é especialmente engraçada, e as más ações fixam mais do que as boas).
Certamente o filme tem referências a desenhos animados (como ‘Mickey’), e filmes famosos (‘Homem-Aranha‘, ‘Gêmeos‘, ‘Ghost‘, ‘Pulp Fiction‘, ‘Roger Rabbitt‘, ‘Poltergeist‘, ‘2001‘), mas poucas participações especiais (tem apenas Arnold Schwarzenegger, agora presidente dos EUA, mas nem é sua própria voz). Tem também piadas de gosto duvidoso. Logo no começo do filme, Homer chama os espectadores de otários por pagarem para ver o que poderiam assistir em casa de graça; noutro momento, insistem em não piratear a fita.
Feito pelo co-diretor de “Monstros S.A” e escrito por 11 roteiristas, o filme vai agradar aos convertidos. Que saíram, ainda assim, levemente decepcionados. (Rubens Ewald Filho na coluna Clássicos de 24 de agosto de 2007)