Crítica sobre o filme "Marselhesa, A":

Eron Duarte Fagundes
Marselhesa, A Por Eron Duarte Fagundes
| Data: 27/02/2008
Mesmo num afresco histórico propício para o pedantismo intelectual e o rebuscamento de linguagem, como seria o caso de A marselhesa (La marseliaise; 1937), o cineasta francês Jean Renoir não abandona seu estilo pessoalmente direto e documental de filmar, em que sobressai um realismo tão simples quanto elaborado. Longe do academicismo de um Jean Dellanoy ou Claude-Autant Lara, Renoir trilha uma narrativa clássica cheia de frescor e vitalidade.

Em A marselhesa as seqüências coletivas (de batalha ou de movimentos de rua) são admiravelmente encaixadas nos retratos íntimos das personagens. O político e o psicológico se fundem nesta visitação que Renoir faz à Revolução Francesa, esboçando uma peregrinação de época tão contundente quanto atual.

Patriota sem patriotadas, o filme de Renoir é contagiante em seu entusiasmo de renovação social, pois o realizador coloca sua câmara novamente ao nível do povo com quem ele, como o italiano Roberto Rossellini, tanto se identifica. (Eron Fagundes)