Crítica sobre o filme "Bem-vindo ao Jogo":

Edinho Pasquale
Bem-vindo ao Jogo Por Edinho Pasquale
| Data: 28/02/2008
O diretor Curtis Hanson chamou a atenção do grande público e da crítica há exatos 10 anos com o eficaz e bem acabado Los Angeles Cidade Proibida, um filme um pouco noir, um pouco cínico demais para o ano que consagrou a Titanic. Depois desse filme, a única peça criada por Hanson que chamou um pouco a atenção foi 8 Mile, uma quase cinebiografia do rapper Eminem. Ainda assim, parecia que Hanson estava fora de forma, até que aparece esse Bem-vindo ao Jogo e… percebemos que, realmente, o diretor está distante alguns quilômetros de produzir algo na altura de Los Angeles Cidade Proibida.

Um filme que trate de esportes e, mais especificamente, de jogos como poker e sinuca não é, de maneira alguma, original. Existem vários por aí tratando do mesmo. Uma referência de excelente filme do gênero é A Cor do Dinheiro, com um afinadíssimo Paul Newman (que não por acaso ganhou um Oscar por esse papel) e um jovem Tom Cruise - aqui o tema é a sinuca. Assim como em A Cor do Dinheiro, em Bem-vindo ao Jogo o jogo é quase um pretexto para se falar e se “entender†um pouco mais sobre os dilemas humanos e sobre o que move as pessoas. Ok, quem sabe estou querendo ver ouro em carvão bruto, mas a idéia de quem está por trás desses filmes é explorar algo mais que o simples vício da jogatina.

Bem-vindo ao Jogo começa muito bem, com Huch Cheever dando uma lição de lógica e de argumentação para muitos desavisados. A maneira com que tenta “barganhar†com a dona da loja de penhora (a sempre ótima Phyllis Somerville) é perfeita. Depois desse começo, eu esperava bastante do filme. Cheguei ao final vendo uma ou outra tirada tão boa quanto mas, no geral, o filme fica abaixo do esperado por essa primeira cena.

Um problema do roteiro que o diretor Curtis Hanson assina junto com Eric Roth é que às vezes ele tenta levar a história muito a sério. Por exemplo, eles complicam os dilemas do herói Huck Cheever e o pintam quase como um “adulto mal-formadoâ€. Não sei, mas eu acho que o cara que conseguiu sobreviver até aquela idade independente de família e com uma linha de raciocínio como a que ele destila no início do filme não cairia eternamente nos mesmos erros - como de não conseguir dizer um “não†para o próprio pai esperando ganhar dele alguma vez (!!???!!!). Vejo como uma falha do roteiro a pressa em colocar o personagem de Eric Bana de maneira tão sem “complicação†e que depende (claro!) de uma heroína para ser resgatado, como é o caso de Billie Offer. Aliás, o romance dos dois também não me convenceu muito.

O filme ganharia mais sem o clichê de que o personagem principal precisa ser salvo por uma garota e mais se investisse na relação de pai e filho, nas “caras de pôker†ou no que, segundo Cheever, são as “habilidades†de um bom jogador. Ou seja: um pouco mais de histórias paralelas ou de duelos sobre a mesa e menos “lances manjadosâ€. (Alessandra Ogeda – confira mais detalhes no blog Crítica (non)sense da 7Arte)