Crítica sobre o filme "Resident Evil: The High Definition Trilogy (BLU-RAY - EUA)":

Jorge Saldanha
Resident Evil: The High Definition Trilogy (BLU-RAY - EUA) Por Jorge Saldanha
| Data: 23/03/2008
O projeto do primeiro filme da trilogia Resident Evil (merece um prêmio de estupidez o sujeito que inventou o ridículo subtítulo em português “O Hóspede Malditoâ€), baseado na popular série de games FC e terror da japonesa Capcom, iniciou com o envolvimento de ninguém menos que George A. Romero, o diretor do clássico de horror A Noite dos Mortos-Vivos. Aparentemente uma escolha perfeita, já que a maior fonte de inspiração de Shinji Mikami, criador do jogo, foram exatamente os filmes de zumbi de Romero. Mas a coisa complicou quando seu roteiro foi rejeitado pelos produtores e, inconformado, ele abandonou o projeto. Romero foi substituído pelo irregular Paul W.S. Anderson, que já havia dirigido outra adaptação de um game para o cinema, Mortal Kombat (1995). Anderson resolveu escrever uma história totalmente nova que se passa antes dos eventos do primeiro jogo, mostrando como surgiram os zumbis e mutações que infestaram Raccoon City. Os personagens conhecidos do game foram substituídos pelas heroínas Alice (Milla Jovovich, de O Quinto Elemento) e Rain (Michelle Rodriguez, de Velozes e Furiosos), e foi introduzido o supercomputador Red Queen. Ainda assim o filme possui elementos que serão imediatamente reconhecidos pelos fãs da série: zumbis (obviamente), a Umbrella Corp., o vírus T, Dobermans-zumbi, o nojento monstro Licker e um confronto final a bordo de um trem. Resident Evil: O Hóspede Maldito foi lançado em 2002 e, em que pese a incapacidade de Anderson em explorar melhor o material que tinha nas mãos, acabou fazendo sucesso suficiente para gerar uma continuação.

Em 2004 chegou Resident Evil 2: Apocalipse, dessa vez apenas escrito por Anderson (que, aliás, virou marido de Milla) e trazendo personagens dos jogos, além de mais situações neles inspiradas. O destaque sem dúvida é a durona e gostosa Jill Valentine, encarnada pela não menos Sienna Guillory (de Helena de Tróia). Jovovich, que também não é de se jogar fora, continua defendendo com garra (e às vezes, para manter o hábito, sem roupa) seu papel de Alice. Infelizmente, a partir da entrada do vilão Nêmesis em cena, os zumbis são relegados a segundo plano e o filme ganha um clima definitivamente trash, já que o monstrengo mais parece um fugitivo dos Power Rangers. Devido à insegura direção do estreante Alexander Witt, “Apocalipse†é menos divertido do que deveria - mas dá para rir na cena em que L. J. (Mike Epps), distraído pela visão de duas prostitutas-zumbi de topless, bate com o carro.

O final deixa a porta aberta para uma nova seqüência que chegou em 2007 com Resident Evil 3: A Extinção, agora sob a direção de Russel Mulcahy (Highlander – O Guerreiro Imortal) e novamente com Jovovich no papel principal. Infelizmente Jill Valentine não retornou, entrando em seu lugar outra personagem dos games, Claire Redfield (a bela Ali Larter, da série Heroes). Pena que Claire não faz muita coisa no filme, além de dirigir seu caminhão. O último (por enquanto) título da franquia tem os seus bons momentos, como o ataque dos corvos-zumbi que homenageia o clássico Os Pássaros, de Hitchcock. Apesar de também ter uma carreira irregular, Mulcahy demonstrou ser o mais competente dos três diretores que se envolveram na série, graças principalmente às cenas de ação onde Alice usa toda a sua perícia lutando contra os zumbis e outras criaturas da Umbrella. O grande problema é o roteiro de Anderson, que detona de vez com a cronologia dos jogos ao criar uma espécie de futuro alternativo onde a multinacional ainda existe e o mundo virou um deserto dominado por zumbis, num misto de Mad Max 2 com Terra dos Mortos. O final mais uma vez deixa o gancho para uma continuação, portanto não se surpreenda se em breve for anunciado Resident Evil 4. Enfim, se você é capaz de se divertir assistindo belas gatas detonando zumbis e monstros, estes filmes da série vResident Evil, pesando seus prós e contras, são uma boa pedida. Perto dos “crimes†baseados em games cometidos pelo diretor Uwe Boll (House of the Dead, Alone in the Dark, Blood Rayne), eles são obras de arte. Ah, e Milla, Sienna e Ali ficam ainda mais bonitas em alta definição!