Crítica sobre o filme "Encantada":

Edinho Pasquale
Encantada Por Edinho Pasquale
| Data: 03/04/2008
Se você tem filhos pequenos em casa, Encantada é uma opção certeira para agradar – especialmente as meninas, porque talvez os garotos prefiram algo como Cars ou Transformers. Agora, se você é uma mulher ou um homem adulto sem filhos, é bem possível que nada neste filme lhe atraia – inicialmente. De minha parte, a única razão realmente razoável para ver a esse filme era o atrativo chamado Patrick Dempsey. Ainda assim, esse motivo não era suficientemente forte para me fazer assisti-lo, até porque prefiro ver Dempsey na série Grey’s Anatomy (que, ainda que não seja assim uma “Brastemp†é, pelo menos, uma história que trata de vidas “plausíveis†e não de uma fantasia cor-de-rosa). Na verdade acabei assistindo a Encantada por “encomenda†do DVD Magazine.

Não digo que meu tempo foi totalmente jogado fora, mas este filme definitivamente é muito “Disney†para o meu gosto. E olha que eu gosto da Disney! Mas disse o que eu disse porque ele é carregado demais de uma “fantasia†já vencida. Exceto para as crianças, claro. Para os “pequenos†ele provavelmente parecerá muito interessante. Ainda assim, para comparar com outro filme que “transporta para a realidade†a fantasia de um conto-de-fadas, como é o caso de Penélope, ainda prefiro este segundo, com Christina Ricci e James McAvoy . Encantada me incomodou porque me pareceu muito óbvio, um tanto arrastado e um bocado chato - pelo menos para os adultos.

Como eu dizia antes, o filme é por demais “Disney†antiga. Desde Roger Rabbit - que está completando 20 anos - a mistura de desenho animado com atores reais não é mais novidade - e evoluiu bastante, desde então. Ainda assim, em Enchanted a escolha do diretor Kevin Lima, um amante do mundo Disney, segue pelo caminho do tradicionalismo. Tanto que as inserções animadas no mundo real são bem limitadas e resgatam uma forma de “traços de desenhos†antiga da Disney – trazendo à tona novamente a animação 2D, por exemplo. Para crianças deve funcionar.

Como comentei lá no início também, o filme é muito, mas muito óbvio. Todos nós sabemos, logo que a atriz Amy Adams aparece no mundo real, o que irá acontecer entre ela e Patrick Dempsey. A partir daí e até o final não há surpresa alguma. E magia? Me desculpem os extremamente românticos, mas até a “sintonia†entre os dois não me convenceu. Dempsey faz as mesmas caras, bocas e esbanja aquele sorriso que faz muita gente suspirar por aí do seu personagem Dr. Derek Shepherd de Grey’s Anatomy. Igualzinho, sem colocar ou tirar nada. A única diferença é que em Encantada ele é um pai que foi “deixado†por sua mulher e que cuida sozinho de uma menininha encantadora. Nada mais. Mas não senti com ele e a atriz principal do filme a sintonia ou o carisma que vi, por exemplo, entre Christina Ricci e James McAvoy em Penelope.

Também tenho que admitir que me irritou um pouco o estilo “quase†musical do filme. Toda a parte da cantoria no parque, por exemplo, achei por demais brega. Ok, foi tudo muito bem filmado e coreografado. Lembrou algumas sequências de musicais urbanos feitos por Hollywood. Mas, de verdade? Dispensável. Assim como todo aquele final… depois do tão “esperado†e previsível beijo para salvar a Giselle, toda a transformação e “loucura†da Rainha Narissa (Susan Sarandon), era totalmente passível de ser cortada, convenhamos. Não leva a lugar algum e não refresca em nada a história. Mas enfim…

Além dos atores já citados, vale citar a participação de Idina Menzel como a namorada de Robert, Nancy Tremaine; e de Timothy Spall como Nathaniel, o braço direito da Rainha má que, sem nenhuma lógica, vira a casaca no final. E não me venham dizer que ele foi influenciado pela televisão, porque nem isso me convence (risos). E duas curiosidades: a veterana atriz Julie Andrews participa do filme como narradora da história; enquanto o diretor Kevin Lima dá a voz ao esquilo Pip em sua passagem “muda†(melhor dizendo, falando através de grunhidos) em Nova York. E a filha dele, Emma Rose Lima, dá a voz para três personagens: o pássaro azul, o falcão e a Rapunzel. Semi-musical, o filme foi indicado a três Oscar pelas canções Happy Working Song, So Close e That’s How You Know. Perdeu, na decisão, para Falling Slowly, uma linda composição de Glen Hansard e Makéta Irglová para o filme Once. (Alessandra Ogeda – confira mais detalhes no blog Crítica (non)sense da 7Arte)