Crítica sobre o filme "Joshua – O Filho do Mal ":

Jorge Saldanha
Joshua – O Filho do Mal Por Jorge Saldanha
| Data: 05/04/2008
A partir da arte da capa e do subtítulo em português, o espectador é levado a pensar que Joshua – O Filho do Mal é uma espécie de clone de A Profecia. Sem dúvida as duas produções têm pontos em comum, afinal o tema aqui é uma criança que envolve seus pais e sua irmãzinha recém nascida numa trama maligna. A diferença é que as motivações do garoto de nove anos não têm fundo sobrenatural - na verdade o comportamento doentio de Joshua nunca fica bem explicado. Resta-nos apenas acreditar que o ciúme despertado pelo nascimento do bebê é o elemento catalisador que leva o jovem psicopata, que até então se contentava em fazer mal a animais, a criar situações que aos poucos vão enlouquecendo os pais.

Na primeira metade do filme o diretor novato George Ratliff consegue criar uma efetiva e crescente sensação de ameaça, onde o espectador não tem qualquer pista sobre as reais intenções de Joshua. Sabe obviamente que o garoto é o vilão, mas o filme vai sendo conduzido de forma efetiva e imprevisível. Não temos aqui mortes sangrentas, sustos fáceis e ruídos estridentes tão comuns hoje no gênero; em lugar disso, se faz presente uma opressão psicológica palpável que vemos refletida nos rostos dos pais do garoto. De modo geral não há nada de inovador, contudo é bom ver que ainda existe uma certa sutileza na realização de alguns filmes de suspense. O problema é que esta linha não se sustenta até o fim, e a partir do momento em que o garoto envenena o cão da família, o filme passa a lançar mão de alguns clichês que não ajudam a compensar o ritmo arrastado da história.

Se há um aspecto onde Joshua se destaca é na escolha do elenco central. O sempre ótimo Rockwell (O Guia do Mochileiro das Galáxias) brilha, especialmente no ato final do filme. Farmiga (Os Infiltrados), por sua vez, está excelente no papel da mãe que progressivamente vai perdendo a razão. E por fim o garoto estreante Kogan, em atuação natural e convincente, torna plenamente justificável (ou no mínimo aceitável) uma conclusão que, em muitos pontos, fica em aberto. Temos então um filme tecnicamente bem feito, com um roteiro que talvez canse o expectador, mas que se destaca pelas atuações de um elenco de valor. Hoje em dia, isso para mim já basta para tornar este suspense recomendável, nem que seja para uma única locação.