Crítica sobre o filme "Stealth: Ameaça Invisível":

Jorge Saldanha
Stealth: Ameaça Invisível Por Jorge Saldanha
| Data: 24/05/2008
Rob Cohen nunca foi um diretor de grande destaque, mas tem em seu currículo filmes eficientes e de boa repercussão, como Coração de Dragão e o Velozes e Furiosos original. Mas para mim seu melhor filme ainda é Dragão – A História de Bruce Lee, uma digna biografia do maior astro das artes marciais do cinema. Dito isso, há que se reconhecer que este Stealth – Ameaça Invisível é o seu filme mais fraco, nem tanto por reciclar muitas idéias de filmes de aviação como A Raposa de Fogo, Top Gun, Ãguia de Aço e mesmo do clássico de ficção científica 2001 – Uma Odisséia no Espaço, mas sim por desperdiçar a maioria delas num roteiro que mais uma vez tenta vender os EUA como a “polícia do mundo†e que, em determinados momentos, exige que o espectador desligue sua inteligência. Os personagens são bidimensionais, e recursos dramáticos como um romance que não deslancha são, simplesmente, tediosos. Sorte que, pelo menos, a ação predomina.

No centro das atenções está a esquadrilha formada pelos pilotos interpretados por Josh Lucas, Jamie Foxx (que assinou para fazer este filme antes de ganhar o Oscar® por Ray) e Jessica Biel, que sempre tiveram sucesso nas suas missões contra os terroristas. Seus caças são máquinas futuristas com enorme poder de fogo, e no porta-aviões USS Abraham Lincoln eles são apresentados ao mais novo integrante da esquadrilha, o EDI – uma revolucionária aeronave que é totalmente controlada e pilotada por uma nova forma de inteligência artificial. Após sofrer uma descarga elétrica em vôo, EDI começa a escolher seus próprios alvos e, a exemplo do computador HAL de 2001, acaba se virando contra seus próprios companheiros, que recebem ordens para persegui-lo e abatê-lo.

Durante o filme ouvimos pérolas como esta, dita pelo personagem de Josh Lucas: “a guerra não pode ser transformada num videogameâ€. Mas o que acontece durante todo o tempo é exatamente isso – nos combates contra inimigos ou no jogo de gato e rato entre os heróis e o EDI, parecemos estar vendo seqüências aéreas retiradas de um game, e que de longe são a maior razão para assistirmos a este filme. Até por isso Stealth não é a tragédia que muitos críticos disseram quando de seu lançamento, há muita coisa pior “voando†por aí e em Blu-ray, indiscutivelmente, o filme é uma festa para olhos e ouvidos. Os efeitos especiais são espetaculares, e resistem muito bem à prova da alta definição. Aqueles aviões futuristas obviamente não são reais, mas eles se apresentam na tela em um foto-realismo glorioso, pousando e decolando do porta-aviões ou envolvidos em velozes e furiosos (!) confrontos aéreos. Algumas seqüências, como a da explosão do dirigível de reabastecimento, possuem uma plasticidade fantástica, que só perdem mesmo para a plástica da “saudável†Jessica Biel.

Se relevadas as tosquices do roteiro, Stealth mostra ser uma aventura movimentada onde seus 121 minutos passam voando. O elenco, que também inclui o respeitável Sam Shepard, claramente está ali para ganhar seu cachê sem se esforçar muito, mas não chega a comprometer. Como já disse, tem muita coisa pior e onde simplesmente nada se salva. Este filme, pelo menos, tem brinquedos impressionantes e uma bela heroína – coisas que merecem ser apreciadas em detalhes de altíssima definição.