Por Eron Duarte Fagundes
| Data: 10/07/2008
Robert Aldrich é um cineasta afeiçoado ao jeito americano clássico de filmar; sem invencionices, ele busca um lugar à sombra dos métodos hollywoodianos onde o espectador possa sentir-se bem e emocionar-se facilmente. Neste aspecto, O último pôr-do-sol (The last sunset; 1961) é bastante rigoroso em todos os elementos de que dispõe; desde o inÃcio, os grandes espaços abertos e uma luz de paisagem caracterÃstica do faroeste vai estabelecer uma lógica narrativa de que Aldrich implacavelmente nunca se afasta.
No centro do sistema fÃlmico, um dueto interpretativo entre dois durões de Hollywood, Kirk Douglas e Rock Hudson; são duas estrelas da meca do cinema mas são também dois intérpretes caracterÃsticos que sabem humanizar suas personagens, mais amavelmente em Hudson, mais ferozmente em Douglas. Eles, no vaivém das estripulias de um western, lutam pelo amor de uma mulher, a bela Dorothy Malone; Kirk a amou no passado, Hudson é o amor do presente, mas se imiscui o amor inesperado e proibido da jovem Carol Lynley por Kirk; o duelo final, comum nos faroestes, é valorizado pela sinuosa mas clássica montagem de Aldrich que junta nos planos os dois duelistas e suas duas amadas.
Não se pode negar que O último pôr-do-sol ainda é capaz de emocionar o observador. Mas o envelhecimento do faroeste como gênero está saliente no sentimento geral com que se pode receber o filme hoje. (Eron Fagundes)