Crítica sobre o filme "Sicko - $O$ Saúde":

Eron Duarte Fagundes
Sicko - $O$ Saúde Por Eron Duarte Fagundes
| Data: 19/07/2008
p align="justify" class="link2" style=´text-indent:45.0pt´>O norte-americano Michael Moore é um cineasta necessário. Houve quem fosse paulatinamente desistindo de seu cinema por receber seus constantes ataques a certos mecanismos da sociedade americana — passada a contundência dos primeiros trovões — como uma fórmula que se esvazia em seus significados. A mim Moore continua impressionando: Sicko, $O$ Saúde (Sicko; 2007) é a mais recente provocação do realizador e volta-se para a ganância do sistema de saúde nos Estados Unidos, de um lado os pecuniários planos privados de saúde, de outro a impressionante ausência de um Estado rico nesta área fundamental da vida social.

Criticam a Moore os exageros de suas críticas. Sabemos todos que Moore é um documentarista. E sabemos hoje, especialmente depois de Jogo de cena (2007), do brasileiro Eduardo Coutinho, que a verdade de um documentário é sempre construída. Moore constrói seu documentário para demonstrar que a saúde americana vai mal e até países pobres, como El Salvador, são melhores neste campo do que os Estados Unidos. O inferno americano mostrado por Moore contrasta com os paraísos que são alguns outros países buscados pela câmara de Moore: Canadá, Grã-Bretanha, Cuba, França. Seria verdade? Em As invasões bárbaras (2003) o canadense Denys Arcand mostra um hospital canadense nada lisonjeiro. Que importa? Morre pode ter usado (e certamente usou) artifícios para filmar em seu país e outros artifícios para as terras estrangeiras, o que decretaria a alteração de comportamento dos envolvidos em cena.

Será que este sofisma estético tem alguma importância? Moore é uma voz irônica e perversa no seio da sociedade americana; quer mudá-la e cabe-lhe exagerar os defeitos do país para chamar a atenção e arregimentar forças sociais visando à transformação. O cinema de Moore é também um  agente social: um motivador das massas, ou ao menos daquelas massas que se interessam por um documentário ágil e divertido como este.

Como o greco-francês Constantin Costa-Gavras, Moore é um olho cinematográfico alerta para os problemas dos humilhados e machucados. E Sicko é outro ponto positivo de sua arte de guerrear com imagens. (Eron Fagundes)