Crítica sobre o filme "Akira – Edição Especial 20 Anos ":

Jorge Saldanha
Akira – Edição Especial 20 Anos Por Jorge Saldanha
| Data: 12/08/2008
Meus contatos com os animes começaram há muito tempo, ainda nos anos 1960, através de séries como Astro Boy e Speed Racer. Não posso dizer que sou ou tenha sido um grande fã do gênero porque, na época, via praticamente tudo que passava na TV, seja em desenho ou live action. Depois de adulto só muito tempo depois, com a chegada do home video, é que retomei algum contato com o gênero, especialmente alguns longas-metragens relevantes, como Ghost in the Shell e este Akira – considerado com justiça um dos maiores trabalhos da era pré-digital do anime, se não a maior. Tanto que a obra de Katsuhiro Otomo influenciou enormemente a forma como as histórias passaram a ser desenvolvidas, tanto visual como narrativamente.

Como não raro acontece no mundo anime, Akira foi baseado em um mangá (graphic novel), no caso também criado por Otomo, que explorava a obsessão do Homem em criar armas com a capacidade de destruir a própria Terra. A HQ foi publicada inicialmente em tiras em 1982, em breve conquistando um leal séqüito de admiradores japoneses. Katsuhiro Otomo continuou a trabalhar como desenhista, e adicionalmente aventurou-se na animação, realizando uma série de curtas e comerciais ao longo da década. Mas nunca se afastou de sua obra preferida, e em 1987 teve a oportunidade de produzir uma versão para o cinema de sua história. Apesar de, na época, os computadores já estarem começando a ser utilizados em desenhos animados, nas mais de duas horas de Akira Otomo procurou manter-se fiel às técnicas mais tradicionais: cada quadro de imagem foi desenhado e pintado em células por uma equipe de animadores, e depois fotografados em seqüência para criar o filme final. A computação é utilizada apenas em uma ou duas seqüências.

O longa foi lançado no Japão em 1988, com grande sucesso – em que pese os admiradores do mangá acharem que a história deveria ter sido adaptada em mais de um filme. No ano seguinte Akira teve lançamento internacional, e com sua detalhada e colorida animação, trilha sonora dramática, personagens memoráveis e uma trama intensamente existencial, mostrou ao mundo que o trabalho único dos artistas da animação japonesa poderia extrapolar as limitações da tela da TV, e agradar inclusive ao público adulto. E seu impacto no gênero foi considerável: elementos de Akira podem ser percebidos em praticamente todos os animes e games sci fi produzidos no Japão a partir de seu lançamento.