Crítica sobre o filme "Quinto Elemento, O":

Jorge Saldanha
Quinto Elemento, O Por Jorge Saldanha
| Data: 17/08/2008
O diretor Luc Besson é conhecido por uma filmografia que, para horror de parte da crítica francesa, sempre flertou com o cinema de entretenimento americano. Acima de tudo suas realizações são sempre de produção bem cuidada, com um apurado estilo visual. Entre os seus filmes, este O Quinto Elemento pode ser considerado o mais extravagante – uma ficção científica absolutamente pop, com um desenho de produção muitas vezes camp que lembra os quadrinhos, e abundantes efeitos visuais. Alie-se a isso uma trama que trata do clássico confronto entre o Bem e o Mal, porém conduzida de forma irreverente e bem humorada, e temos a impressão de estarmos vendo um daqueles delírios cinematográficos dos anos 1960 tipo Barbarella e Diabolik. Sem dúvida, uma mistura que por vezes, por mais empolgante que seja, pode ser indigesta.

O Quinto Elemento é um projeto que o diretor concebeu quando ainda estava na escola, tendo levado 20 anos para conseguir realizá-lo mantendo toda a essência da idéia original – um espetáculo visualmente fascinante, leve, muitas vezes tolo, tendo os gibis e os filmes sci fi americanos em seu núcleo. Os efeitos visuais, em especial, procuram fazer essa ligação, e por incrível que pareça hoje, mais de dez anos após seu lançamento, eles não parecem ultrapassados. Também merece destaque o excêntrico figurino criado pelo célebre desenhista francês Jean ´Moebius´ Giraud.

Bruce Willis estrela como o sarcástico e relutante herói, em papel típico de seus filmes de ação – continua “duro de matarâ€, porém agora às voltas com carros voadores e alienígenas esquisitos. Mas a partir da entrada em cena de Milla Jovovich como a sexy super-heroína Leeloo – papel que a consagrou internacionalmente e também lhe rendeu um casamento com Besson (a atriz parece gostar de casar com diretores, atualmente ela é esposa de Paul Anderson, que a dirigiu no primeiro Resident Evil) - não temos dúvida de que o filme é dela. Dificilmente alguém (do sexo masculino, pelo menos) não seja conquistado por sua adorável personagem, que transmite ao mesmo tempo sensualidade, vulnerabilidade, força e graça. É claro, no final Korben e Leeloo vão ter um envolvimento romântico, e a mensagem que o filme deixa é de que o amor é a maior arma contra a violência e o Mal. Mais “Flower Powerâ€, impossível.

O filme também conta no elenco com os respeitáveis Ian Holm e Gary Oldman (este, como o vilão), que provavelmente devem ter se divertido à beça nas filmagens. E falando em diversão, o humorista Chris Tucker interpreta o inacreditável DJ Ruby Rhod, que com sua voz aguda e roupas drag encaixa-se perfeitamente neste universo ridículo, mas ao mesmo tempo adorável criado por Besson – eventuais indigestões à parte.