A nova tentativa de parceria da dupla que nos entregou há alguns anos o simpático e cômico "Como Perder um Homem em 10 Dias" consiste em mais de 110 minutos e é de se espantar que o filme atinja seu fôlego apenas nos últimos 30. Até lá, são incansáveis 80 minutos de piadas mal colocadas, clichês que doem à cabeça e uma trama previsÃvel até a alma. O charme do filme teria residido na dupla, que bolou ótima quÃmica no filme antecessor, mas aqui eles perdem as faÃscas e o bom humor contagiante. McCounaghey não é um ator que me agrada e Kate Hudson está decepcionantemente comum. Ambos não conferem o que teria dado um embalo necessário ao filme desnecessariamente longo de Andy Tennant (Hitch - Conselheiro Amoroso). Se for para fazer um filme descompromissado, divertido e leve, que o faça com menos de 100 minutos e nos poupe o esforço triste que ter que aturar camadas após camadas de mediocridade, tolice e personagens que oscilam entre o aceitável, o triste e o irritante.
Há três anos foi lançado "Mergulho Radical", filme de trama parecida com belos atores (falo de textura, claro) e busca de tesouro pelos mares e belas paisagens. Eis aà um filme altamente criticado, mas que não se levava a sério em momento algum. PossuÃa quase a mesma duração, mas a enchia de diversão pura. Falhado? Sem dúvida alguma, mas consciente disso. Já "Um Amor de Tesouro" acha que tem o que dizer e acha que é entretenimento o suficiente para poder passar 80 minutos dependendo de excessos descartáveis, um personagem terrivelmente chato de McCounaghey e muitos diálogos irrelevantes. Por isso, quando o clÃmax chega, que por sua vez é bem eficiente, cheio de agilidade e diversão, já estamos tão desgastados que dificilmente encontramos ânimo para apreciá-lo adequadamente. O que vale então é tentar se confortar e se deixar levar pelas paisagens maravilhosas e trilha sonora até bastante genuÃna, incluindo várias canções do querido Bob Marley.
O que o filme não se dá conta é de que o que havia atingido com o clÃmax deveria ter sido mantido. Mas a impressão que nos deixa com seu desfecho é de pura revolta e ânsia de vomito, em um momento tão simplório, previsÃvel e besta que te faz ranger os dentes e ficar até envergonhado. Aquele tipo de final que só falta mesmo todo mundo dar as mãos e começar a contar uma musica alegre. Felizmente, os roteiristas sem criatividade do longa não tiveram essa (falta de) capacidade e nos deixaram dormir com menos pesadelos e menos revoltados. E o filme é mais isso mesmo, cenas que oscilam entre o divertido e o incômodo, a agilidade e o maçante, o escapismo e o humor furado.
No fim de tudo, é mais um mero produto. Capricharam no visual, com uma bela fotografia para capturar as memoráveis paisagens e efeitos especiais breves, mas admiráveis no clÃmax cheio de ação. Fatores estes que costumam manipular muito facilmente o espectador mais leigo. O problema mesmo é que não se deram conta do que tinham em mãos. Que era, na realidade, um pacote divertido estendido à exaustão até se tornar tudo menos entretenimento rentável de verdade. Momentos se salvam, mas o que predomina é a sensação de cansaço e impaciência. Você se sente subestimado e submisso, os toques de charme são tão espalhados e inconseqüentes que não atingem o eficiente, e quando chega ao fim, percebe que realmente não valeram a pena à s quase duas horas gastas com uma fita tão descartável quanto bobinha. É opção para últimos casos, até para aqueles que buscam meramente entretenimento, o filme encontra furos em sua proposta.
(Wally Soares – confira o blog Cine Vita)