Crítica sobre o filme "D-War - Guerra dos Dragões":

Edinho Pasquale
D-War - Guerra dos Dragões Por Edinho Pasquale
| Data: 26/08/2008
Dragões são importantíssimos nas lendas e na iconografia oriental. Ouso dizer que é o símbolo mais conhecido e copiado desta mitologia mundo afora. Pessoalmente, sempre gostei muito de dragões e de suas lendas. Por isso que quando vi o cartaz deste D-War fiquei interessada. E o filme começa bem, apesar de uma ou duas ressalvas. Até a metade da história o espectador realmente se diverte mas, depois, o diretor sul-coreano Hyung-rae Shim, responsável também pelo roteiro, perde a mão na dose de perseguições e o filme fica repetitivo e chato. O final também não é dos melhores mas, algo tenho que admitir: os efeitos especiais e o confronto de dragões foi muito bem feito.

O filme começa bem. Em pouco tempo ele explica a lenda coreana, inclusive com uma ambientação na Coréia de 500 anos antes. Essa parte é bacana e bem feita, ainda que nada excepcional. Só que aqui já começa o absurdo da história, porque 500 anos depois do que Jack está narrando, porque justamente em Los Angeles a história se passa? Como os dragões foram parar alí? Extremamente sem sentido, mas tudo bem. Nem sempre dá para pedir lógica para os filmes. Só achei que o diretor abriu mão um pouco da originalidade da história para filmá-la onde era mais fácil “fazer dinheiro e ser conhecido”, ou seja, nos Estados Unidos e, mais precisamente, em Los Angeles. Para mim o filme perde pontos por isso. Preferia uma produção menos caprichada mas mais coerente com a história.

Além disso, depois da parte da “reconstituição histórica” contada por Jack, o filme cai bastante de ritmo. Especialmente depois que Ethan encontra a Sarah. Os dois começam uma fuga “sem sentido e sem direção” que é simplesmente cômica. Primeiro, param em uma praia. Depois pedem ajuda de Bruce (Craig Robinson), colega de Ethan, para conseguir credenciais (heim?) para Sarah, sem contar que eles fazem uma parada em um hipnotizador (Holmes Osborne) para que entendam melhor o que está acontecendo. O que eles vêem todos já sabiam e não esclarece nada. Ou seja: uma grande perda de tempo. Esses percalços no roteiro vão tornando o filme chato, sem contar os vários e vários minutos que parecem de “repeteco” no qual a horda da serpente do mal e ela própria lutam contra policiais e o Exército. O filme, nessas alturas, já está meio perdido.

A lenda coreana diz que a cada 500 anos nasce uma mulher com o poder de transformar uma serpente chamada Imoogi em um dragão alado. O problema é que muitas vezes Imoogi se transforma em duas serpentes que disputam esse poder: uma do bem (chamada apenas de Imoogi do bem, que vai subir aos céus e proteger a humanidade) e outra do mal (chamada Buraki, que quer utilizar o poder para destruir o mundo). Pois depois de nenhum das duas serpentes conseguirem o seu propósito no século 16, elas voltam agora, nos anos 2000, para tentar sua “ascensão” mais uma vez. Por isso elas buscam a mulher com o símbolo de nascença de um dragão no ombro, a chamada Yeouijoo, que deve ser “sacrificada” quando completa 20 anos.

Bem, dito isso, depois de todo confronto das hordas da serpente do mal contra o Exército e a polícia pela ruas de Los Angeles, nossos “inocentes” heróis Ethan e Sarah estão tranquilos guiando para fora da cidade em um carro quando são capturados. Daí já vamos para a parte final realmente do filme, com um esperado confronto entre as duas serpentes. Mas aí outra questão: onde diabos estava metida a serpente “do bem” até então? Por que ela não interferiu antes? Enfim…

No final das contas é um filme que começa bem mas, depois, descamba. Uma pena, especialmente porque ele custou uma fortuna e poderia ter rendido algo melhor. O diretor e roteirista, realmente, para mim, se perdeu no caminho com alguns “desvios” totalmente sem sentido. E os protagonistas… são bem fraquinhos. Vale por uma ou outra cena com os dragões e pelo começo, não muito mais que isso.

O diretor e roteirista também tenta ser engraçado em vários momentos, especialmente com a história do guarda do zoológico (interpretado por Billy Gardell). O problema é que as piadas não funcionam tão bem quanto ele gostaria. Também merecem destaque por suas participações secundárias no filme Aimee Garcia (como Brandy, a amiga de Sarah), Chris Mulkey (o agente do FBI Frank Pinsky) e John Ales (o agente do FBI Judah Campbell). Por falar em FBI, nada convincente a parte em que os agentes do filme estão super bem informados sobre a lenda coreana. Afinal, por melhor que seja o departamento de inteligência norte-americano, alguém de fato pode acreditar que eles seriam quase “especialistas” no assunto? Não, né.

O filme custou aproximadamente US$ 75,4 milhões - alguns calculam em US$ 100 milhões. Mesmo que o número inicial seja o mais aproximado, é uma fortuna. Nos Estados Unidos D-War foi mal nas bilheterias: arrecadou no período de 16 de setembro até 14 de outubro apenas US$ 10,9 milhões - o que não é pouco, mas está abaixo do que os produtores gostariam levando em conta a fortuna que o filme gastou. Segundo o site IMDb, contudo, fora dos Estados Unidos o filme teria faturado, até 26 de agosto, US$ 53,5 milhões - especialmente na Coréia do Sul, berço do diretor Hyung-rae Shim, e nos demais países asiáticos. O filme deve se pagar mas está longe de ser um sucesso. (Alessandra Ogeda – confira mais detalhes no blog Crítica (non)sense da 7Arte)