Crítica sobre o filme "Stargate: Linha do Tempo":

Jorge Saldanha
Stargate: Linha do Tempo Por Jorge Saldanha
| Data: 08/09/2008
Segundo filme baseado na série de TV Stargate SG-1 lançado diretamente em DVD, Stargate: Linha do Tempo (Stargate: Continuum) certamente será melhor apreciado e compreendido pelos fãs da série, já que fica bem claro que é uma realização a eles dedicada. Mas o filme acaba sendo mais bem sucedido que o anterior, Stargate: A Arca da Verdade, e não duvido que ele também possa agradar no mínimo a quem aprecia uma boa aventura de ficção científica. A história trata de uma alteração na linha do tempo, abordagem que já fora feita na 8ª temporada da série, mas desta vez tudo é causado pelo matreiro vilão Ba’al, para cuja cerimônia de extração (onde o simbionte goa’uld é extraído do hospedeiro humano e morto) a equipe do SG-1 foi convidada. Mas como sempre Ba’al tem uma carta na manga – ele havia construído uma máquina do tempo, e através dela seu último clone (ou o original, isto não fica bem claro) volta no tempo e afunda o navio que levava o Stargate para os EUA. Isso provoca uma alteração na linha do tempo, e é para esta nova realidade que Mitchell, Carter e Jackson retornam – um mundo onde as viagens interestelares pelo portal estelar nunca ocorreram, e onde a Terra está prestes a ser invadida pela frota goa’uld liderada por Ba’al, tendo ao seu lado Vala (agora como sua Rainha Q’Tesh) e Teal’c, que desconhecem os eventos da linha de tempo original. Obviamente caberá aos nossos heróis derrotar Ba’al e seus asseclas e recolocar a história no seu curso normal.

Como qualquer trama que envolve viagens no tempo, o roteiro possui suas incongruências e contradições, algumas até assumidas (como a falta de uma explicação convincente para o destino de Mitchell não ter sido alterado na nova linha do tempo, como aconteceu com Teal’c e Vala), mas no final das contas acaba funcionando bem. Ele resgata o clima dos bons tempos da série, onde os goa’ulds eram os grandes vilões, e aqui temos quase todos eles de volta, ainda que a maioria em pequenas pontas: além de Ba’al vemos Apophis, Yu, Nirrti, Camulus e Chronus. Do lado dos heróis, destaca-se o bem-vindo retorno de O’Neill e do general Hammond, que não apareceram de forma regular nas últimas temporadas da série.

Martin Wood, veterano diretor do programa, conseguiu realizar um filme tecnicamente sofisticado, consideradas as limitações de orçamento. Muitas cenas foram filmadas em locação no Pólo Norte, e envolveram até mesmo um submarino nuclear real. Os efeitos visuais, ainda que não se igualem aos melhores vistos hoje no cinema, são muito bons – a perseguição dos caças F-15 pelas naves goa’ulds é sem dúvida um dos pontos altos do filme. Também merece crédito o igualmente veterano produtor (e em outras ocasiões também diretor) Brad Wright, que escreveu um roteiro que, mesmo tratando de um tema complexo, resultou numa aventura leve e movimentada (ainda que sua metade inicial seja meia parada). Os fãs relembrarão a melhor mitologia da série, verão momentos heróicos, dramáticos, e terão o consolo de saber que, se Stargate SG-1 encerrar sua carreira aqui, pelo menos o fará em grande estilo.