A linha tênue que um dia separava filmes de suas respectivas refilmagens está deixando de existir. Alguns clássicos são hoje teimosamente cotados para serem readaptados para o novo povo, mas duvido muito que teriam o mesmo êxito de um
King Kong, realizado não com o intuito financeiro, mas com uma paixão extrema do cineasta. Portanto, ao se deparar com
Imagens do Além, refilmagem de um terror oriental de apenas quatro anos atrás e lançado no Brasil há apenas dois, ficamos com a impressão ainda maior que a criatividade do cinema atual está realmente se esgotando (não generalizando, claro). Mas é realmente desesperador quanto estamos diante de tantas e tantas refilmagens, todas seguindo a mesma fórmula e pior: não acrescentando em nada aos originais. Caso contrário de
Os Infiltrados que, refilmagem de um filme mais atual, o melhorou em diversos aspectos. Mas em
Imagens do Além tudo chega a ser quase quadro por quadro. E por esse motivo, entre tantos outros que revelarei abaixo, se revela um filme tão descartável.
Na trama, sofrendo mudanças apenas superficiais ao do original
EspÃritos – A Morte Está ao Seu Lado, temos um casal de recém casados que se muda para o Japão para a carreira de fotógrafo de Benjamin, apenas a ser interrompida por um acidente de carro misterioso. Após isso, começam a se deparar com aparições fantasmagóricas em fotografias. E tal premissa fraca vai se carregando pelo filme seco, frio e ineficiente. Toda a atmosfera competente do primeiro filme aqui é substituÃda por cenários bem feitos e uma fotografia competente, mas nunca hábil no que o filme deveria exprimir. O medo, portanto, é nulo. A sensação não existe e você passa a maior parte da sessão apenas desejando que os mÃseros oitenta e poucos minutos passem um pouco mais rápido. Além do mais, o grande motriz do filme original era seu surpreendente e estarrecedor fim, cuja revelação foi angustiante e assombrosa, enaltecendo-o completamente. Aqui, o impacto já não existe. Já se sabe o fim e os roteiristas não se dão ao trabalho de apimentar a coisa. E nem sequer o diretor em conduzir de uma forma mais refrescante. Acontece exatamente da mesma forma, com a diferença de que não existe impressão mais em quem assiste.
Levo-me a acreditar, por isso, que o filme possa funcionar apenas àqueles que não conferiram o original. E apenas a eles. Portanto, quem não teve a sorte de assistir primeiro o tal
EspÃritos de 2004, dê uma chance a essa refilmagem. Mas, ainda assim, é um filme tão imperfeito, lotado de inconsistências e nada exemplar no que faz compromisso com a audiência que ele acaba se tornando nem um pouco recomendável. Nisso, encontramos apenas uma seqüência capaz de realmente apresentar algum valor, e esta é uma não só copiada quadro a quadro do original, mas uma cuja impressão possa residir apenas em quem a verá no escuro de uma sala de cinema. Os pontos, com isso, vão apenas caindo. Os créditos de “Imagens do Alémâ€, no final das contas, são mÃseros, pobres e te deixam com a terrÃvel sensação de que se trata de mais um mero produto e um filme tão bobo, desnecessário (com grande ênfase nessa palavra) e inconseqüente que nunca deveria ter sido idealizado.
E assim se segue nosso ódio e conseqüente medo à Hollywood, tão incansável em suas “idéias†de refilmar, reproduzir e copiar. Piorando a situação, pegam dois atores fraquÃssimos e os colocam diante de algo já completamente inflamado, os deixando completamente incapazes em todos os sentidos da palavra. O terror, portanto, é interno. Como
Uma Chamada Perdida já veio para nos fazer refletir, os filmes de terror atuais são na verdade apenas o duto por onde se carrega o medo que nos inflama ao percebemos o quanto um filme pode ser ruim e o quanto o cinema atual pode ser desgastante. Não temem, por isso, fantasmas em fotos, mas produtores acéfalos.
(Wally Soares – confira o blog Cine Vita)