Crítica sobre o filme "Jogo de Amor em Las Vegas ":

Edinho Pasquale
Jogo de Amor em Las Vegas Por Edinho Pasquale
| Data: 22/10/2008
Dos filmes “bobinhos†(leia-se despretensiosos) que assisti ultimamente, este foi o melhor. Comédias tem que fazer rir. E se falamos de “comédias românticasâ€, um elemento indispensável é a alquimia entre o casal em cena. Jogo de Amor em Las Vegas acerta em cheio no humor e no casal. Cameron Diaz e Ashton Kutcher realmente tem sintonia e carisma juntos. Na verdade, das últimas comédias, esta foi a que me fez passar pouco mais de uma hora e meia do meu tempo de maneira mais leve e divertida. Gostei. Acho que no fundo precisava de um filme assim - para rir e não “complicar a vidaâ€. Algumas vezes isso é bacana de se fazer. E, claro está, o filme é isso mesmo, um divertido passatempo - nada mais, nada menos. Ah, e uma recomendação: se ainda não assistiu ao filme, não veja o trailer, porque ele estraga boa parte da história e das piadas - que, sem contextualizar, parecem simplesmente idiotas.

O bom do filme dirigido pelo escocês Tom Vaughan e com roteiro bem escrito por Dana Fox é que ele não perde muito tempo com grandes “contextualizações†dos personagens. Sim, é verdade que logo de cara conhecemos as figuras que logo se tornarão um casal, mas a apresentação deles é rápida e direta. Em seguida já ocorre a “ruptura†em suas vidas que os fará viajar para Las Vegas. O bom é que não se perde muito tempo na história… até porque vamos descobrir mais deles quando eles são obrigados a viverem juntos. E, como a vida de qualquer um ensina, nada mais interessante do que o contraste de personalidades para fazer as pessoas amadurecerem e ficarem mais interessantes.

Pois acho que esta é um dos pontos interessantes do filme - ainda que ele, como eu disse antes, não pretende ser mais que um bom passatempo: a idéia de que nos tornamos pessoas melhores quando estamos convivendo com pessoas diferentes. E isso é bem verdade. Ok que tem muitas pessoas que se “encontram†como casal ao se relacionarem com pessoas muito parecidas. Mas acho que as grandes histórias e os grandes relacionamentos realmente se desenvolvem com pessoas que tem alguma semelhanças mas que, mais que isso, tem grandes diferenças que acabam convivendo bem. Afinal, é difícil dois sujeitos criados por famílias diferentes, em contextos diferentes, conseguirem ter mais elementos similares que diferentes. E conviver e, mais que isso, aprender com alguém que é diferente da gente é o que realmente parece ser interessante e bacana.

Então os personagens do filme acabam se encontrando em Las Vegas, depois de sofrerem duas grandes decepções - Joy perder o noivo para o qual fazia de tudo e Jack receber mais uma vez a mensagem de “você é um fracassado†do pai. Os dois tiveram sorte de ter amigos loucos como Hater e Tipper (ele amigo de Jack, ela de Joy) que lhes incentivaram a “despirocar†em Las Vegas. Em uma cidade gigante como aquela, os dois acabam se cruzando no mesmo quarto… era a coincidência que faltava. A partir daí eles começam a competir e a se conhecer, revelando “segredos†próprios que alguns só tem coragem de revelar assim, em uma noite de festa, para quase desconhecidos. E a noite não acaba, os dois viram todas, ficam bêbados, trêbados e… se casam.

No dia seguinte da noitada, os dois pensaram no inevitável “o que eu fiz?†e, claro, resolvem se separar. Só que Jack acaba usando uma moeda que Joy deixou para trás e acaba ganhando US$ 3 milhões. A partir daí começa a luta para que os dois se separem sem perder o dinheiro… na verdade, cada um se acha na razão de ficar com toda a bolada. E a decisão de um juiz de que eles devem tentar ficar juntos como casal antes de se divorciarem acaba colocando a dupla jamais planejada em convivência sobre o mesmo teto. A maior parte do filme passa neste contexto, em que cada um tenta passar a perna do outro para garantir a sua bolada, até que… bem, acho que o resto se podia adivinhar desde o princípio, não é mesmo? E, ainda que se saiba onde tudo vai acabar - como em 99,9% das comédias românticas - o filme não perde o gás e nem se torna chato.

Jack realmente é muito infantil diversas vezes e eu, no lugar de Joy, teria matado ele enforcado. hehehehehe. Mas ela também se torna insuportavelmente “perfeitinha†e “quadrada†em muitos momentos, o que deve provocar a mesma idéia de assassinato em qualquer homem. De fato a roteirista Dana Fox tira da cartola muitos estereótipos e idéias já utilizadas anteriormente. O que faz a diferença, realmente, é a interpretação de Cameron Diaz e Ashton Kutcher, assim como dos atores que interpretam seus “fiéis escudeirosâ€. Além deles, vale citar o ator que interpreta o pai de Jack e o também veterano Dennis Farina como Richard Banger, o chefe de Joy. Os dois realmente roubam a cena sempre que aparecem. Faz parte do elenco ainda Deirdre O’Connell como Judy, mãe de Jack; Michelle Krusiec como a chata Chong, adversária de Joy para ser promovida no trabalho; Queen Latifah como a psicóloga Dra. Twitchell, apontada pela Corte para acompanhar o casal nos seis meses que o juiz determinou para que eles tentem dar certo; e Zach Galifianakis como Dave, o amigo de Jack louco para “pegar†a Joy.

O filme estreou nos Estados Unidos conseguindo pouco mais de US$ 20 milhões. Até o dia 17 de agosto ele tinha acumulado pouco mais de US$ 80,1 milhões nas bilheterias. Não está nada mal.

Para minha surpresa Jogo de Amor em Las Vegas foi indicado a três prêmios e ganhou dois deles: melhor ator de comédia para Ashton Kutcher e melhor “comédia satírica†no Teen Choice Awards - um prêmio organizado pela revista Seventeen desde 1999 e que, anualmente, premia os melhores do cinema pelo gosto do público jovem.

O filme foi todo rodado em Nova York, com algumas cenas em Las Vegas - mais precisamente no hotel e cassino Planet Hollywood. As cenas do final de semana com o “retiro†da empresa de Joy foram feitas no Oheka Castle onde, anteriormente, foram filmadas cenas de filmes como Cidadão Kane e Os Outros. (Alessandra Ogeda – confira mais detalhes no blog Crítica (non)sense da 7Arte)