Já entrando em sua quarta temporada (em exibição aqui no Warner Channel), SUPERNATURAL é uma das raras séries de seu perÃodo a manter uma invejável regularidade, em termos de qualidade. Programas como LOST e HEROES foram de saÃda sucessos fenomenais, mas mostraram-se incapazes de segurar a base de espectadores conquistada em sua primeira temporada. Já as aventuras dos irmãos Dean e Sam Winchester, em sua incansável cruzada contra criaturas sobrenaturais, cada vez mais alarga sua base de fãs, e isso por uma razão básica: a série, dentro do que seu criador Eric Kripke propõe, está cada vez melhor. Os roteiros, que dosam bem os sustos com o humor, continuam ótimos, e cada arco de temporada se mostra mais interessante que o anterior. Outro fator importante para o apelo da série é a dupla de protagonistas (adorada pelo público feminino), Jared Padalecki (Sam) e Jensen Ackles (Dean), que possuem uma excelente interação e se mostram cada vez mais à vontade em seus papéis. Isso resulta num notável convencimento do espectador de que ambos são realmente irmãos e são capazes de se sacrificarem um pelo outro – algo que se torna mais relevante nesta terceira temporada.
Desta vez o arco principal mostra Sam tentando descobrir uma maneira de romper o pacto que Dean fez com o demônio da encruzilhada. O único problema é que Dean sabe que, se isso acontecer, Sam morrerá novamente, e ele prefere passar a eternidade no Inferno a isso. Portanto resolve aproveitar ao máximo o ano de vida que lhe resta matando monstros, transando e se divertindo. Enquanto perseguem os demônios que escaparam do Portal Infernal no último episódio da segunda temporada, a dupla (muitas vezes juntamente com o ex-parceiro de seu pai, Bobby) vê-se face a face com outras temÃveis criaturas – além de alguns inimigos humanos igualmente formidáveis. Em sua luta eles ganham a inesperada ajuda da atraente Ruby (Katie Cassidy), uma garota que possui uma faca capaz de matar demônios. O problema é que ela também é um demônio, e passa a seguir Sam, para ajudá-lo. Mas Dean não confia nela, achando que ela age não pelo bem de Sam, mas por outros interesses que não revela. As coisas poderão mudar quando Ruby revela que sabe como livrar Dean do pacto demonÃaco que o levará ao Inferno.
Outra bela personagem recorrente da temporada é Bela (!) Talbot (Lauren Cohan), uma garota inglesa que possui um extenso conhecimento sobre o sobrenatural, mas diferentemente de Sam e Dean tem como único interesse o dinheiro. Bela é uma ladra que rouba relÃquias e outros objetos com poderes ocultos, para vendê-los a quem pagar mais. O caminho dela cruza algumas vezes com o dos irmãos Winchester, e mesmo que de inÃcio pareça estar ajudando-os, no fim ela acaba os enganando – para desespero de Dean, que em determinado momento fica prestes a estourar o belo crânio dela. Tanto Ruby quanto Bela mantém a tradição do programa de introduzir ótimos personagens secundários, que poderão (ou não) sobreviver para a temporada seguinte. Este é mais um fator que fortalece a série.
Outro trunfo de SUPERNATURAL é, sem dúvida, a mistura de horror com humor – este muitas vezes derivado das provocações mútuas de Sam e Dean. Um dos melhores episódios da temporada é “Local Misteriosoâ€, que combina o humor com uma situação extremamente dramática. No estilo do filme FEITIÇO DO TEMPO, Sam e Dean ficam presos numa espécie de loop temporal do qual apenas Sam tem consciência e onde, no fim do dia, não importa o que ele faça para impedir, Dean morre – muitas vezes de formas absurdamente hilárias. Na manhã seguinte Sam acorda para reviver novamente o mesmo dia fatal, e isso acontece inúmeras vezes até que Sam descubra o responsável pela peça sobrenatural da qual são vÃtimas.
Já “O Fantasma Bissexto†(o primeiro episódio produzido após a greve dos roteiristas, que encurtou a temporada para apenas 16 episódios) é uma sátira aos reality shows, em particular de GHOST HUNTERS (exibido aqui no canal pago Sci Fi Channel). Nele, Sam e Dean se reencontram com Ed e Harry, a dupla de investigadores paranormais geeks que surgiu na primeira temporada. Desta vez eles criaram seu próprio reality show, “Ghostfacersâ€, onde investigam casas mal-assombradas, e para fazer o episódio piloto eles escolhem uma casa que também está sendo investigada por Sam e Dean. Gravado através do ponto de vista das câmeras dos “Ghostfacersâ€, o episódio segue a linha de A BRUXA DE BLAIR e CLOVERFIELD, e em determinados momentos, além de engraçado (o tema musical do reality show é hilário), é genuinamente assustador. Após este episódio, com a temporada se aproximando do final, as coisas começam a ficar mais dramáticas, até chegarmos a uma conclusão que muitos custaram a acreditar – pelo menos, até ter estreado a nova temporada.