Crítica sobre o filme "Amar É Minha Profissão":

Eron Duarte Fagundes
Amar É Minha Profissão Por Eron Duarte Fagundes
| Data: 20/12/2008
Amar é minha profissão (Em car de malheur; 1958) tem sua importância na história do cinema, embora tenha envelhecido em quase todos os seus conceitos éticos ou cinematográficos. Antes de mais nada, é o cinema francês característico pré-nouvelle vague, com seu bem feito clássico, sua natural superficialidade e aquelas formas visuais de bom tom que “os jovens turcos†da nouvelle vague quiseram depois pôr abaixo. Claude Autant-Lara é um realizador-exemplo deste jeito de fazer cinema. Depois, estão em cena duas grandes estrelas do cinema francês da época; a então incipiente Brigitte Bardot, com sua sensualidade de inocência ou infantilidade provocativas, e o então já veterano Jean Gabin, exibindo toda a sua segurança e profundidade interpretativas.

Partindo dum romance do belga Georges Simenon, com bem marcado roteiro de Pierre Bost e Jean Aurenche, Amar é minha profissão trilha um caminho recorrente na filmografia francesa: o caso de amor entre um homem maduro e uma jovem inicialmente fútil e interesseira; ele largará a esposa para viver com a amante, que está grávida, mas o caso paralelo da rapariga com um rapaz vai gerar o trágico desfecho.

Sem grandes voos, Amar é minha profissão pode ainda hoje ser visto com algum prazer, desde que não se levem muito a sério algumas de suas proposições. Escreveu François Truffaut: “será graças a filmes como Amar é minha profissão que o grande público poderá vir a compreender e amar Ingmar Bergman.†Ressalvado o exagero de aproximar Autant-Lara de Bergman, compreende-se Truffaut: as relações humanas, simplificadas em Autant-Lara, são mais acessíveis que os misteriosos abismos cavados por Bergman. (Eron Fagundes)