Crítica sobre o filme "Mundo de Sofia, O":

Nina Ferreira
Mundo de Sofia, O Por Nina Ferreira
| Data: 25/01/2009
A primeira experiência com o “ato de filosofar†de que temos conhecimento deu-se na Grécia Antiga. Com o nascimento da polis, as cidades-Estado gregas passam a expandir poder político, econômico e cultural para outras civilizações, o que permitiu o desenvolvimento de aspectos importantes da cultura, das formas de governo, da participação popular, influenciando o desenvolvimento intelectual e permitindo que surgissem os problemas reais sobre a existência do cosmo (os gregos chamavam o mundo de cosmos, que significa ordem, beleza, harmonia em oposição ao caos, a desordem de quando ainda não havia sido criado o mundo). É aí que aparece a figura do filósofo, ou seja, um “amante da sabedoriaâ€, alguém cujo objetivo é chegar à sabedoria.

Dizem que a palavra filósofo foi inventada por Pitágoras no século V A.C. Ele era reverenciado como um sábio (sofos, em grego), mas, como era um tanto modesto, dizia-se quando muito, um amigo do saber (de filos, que significa amigo, amante- vem de filia, amizade- e sofia, sabedoria, saber), cunhando a palavra filósofo. Só mais tarde surgiu a palavra filosofia, para designar a atividade daqueles que se caracterizavam como filósofos.

O filósofo procura desvendar o saber. Não um saber pronto e acabado, mas um saber que experiencia o não saber, que faz o movimento da ignorância ao saber. Aquele que busca conhecer alguma coisa, que está sempre a procura de respostas e da constante superação destas respostas, pois, sempre que chegamos à uma resposta, ela nos desperta para inúmeras outras perguntas.

Se você quiser conhecer um pouco da história da filosofia, desde o seu surgimento, na Grécia, até os dias de hoje, uma boa pedida é a série baseada no livro de Jostein Gaarder, O Mundo de Sofia, que conta a história de Sofia, que está para completar 15 anos, e da misteriosa Hilde. Tudo recheado pelas idéias dos principais filósofos de todos os tempos, descritas com muita precisão e simplicidade. Baseado neste best-seller, a série norueguesa se propõe a contar a historia de um modo e dinâmico e instigante, sem perder o ritmo ao longo dos seus 8 capitulos. Para uma trama que muitos diziam ser infilmável, o diretor Erik Gustavson, ligou a idéia de que a filosofia nasceu e nasce da aspiração de estar em toda parte e em qualquer circunstancia, e é como o ar que respiramos onde nos colocamos diante de questões que exijam “atitudes†para tomar certas decisões que preencham nossas aspirações. A forma de que Sofia foi abordada, pela atriz Silje Storstein, nos remete ao ponto certo de como a protagonista deveria agir mediante as circunstancias da narrativa, e consequentemente, da série, pois vemos uma Sofia serena, inteligente e corajosa, segura ao repassar os conceitos filosóficos que Alberto lhe ensinara, de modo confiante, fazendo com que seus colegas tomassem gosto pelos temas que ela apresentava em sala de aula. Alberto, interpretado por Tomas von Brömssen, representa o papel de um educador, ao instigar e inserir Sofia ao mundo da filosofia. Seu raciocínio funciona como a frase do educador e filosofo Rubem Alves: “A maneira mais fácil de abordar o pensamento é realizando o desejo, onde a arte de pensar é a arte de fazer perguntas inteligentes.â€

De forma conclusiva, esta série é altamente recomendável, para todos aqueles que gostam, ou gostariam de conhecer a filosofia. É uma bela introdução para ser apresentado à arte do saber, sugiro que cada tema seja refletido e degustado prazerosamente. Seja um bom educador como Alberto, um mestre de analogias. Uma boa analogia é um flash de luz. Amo as crianças e os filósofos - ambos tem algo em comum: fazem perguntas.