Crítica sobre o filme "Amigos, Amigos, Mulheres à Parte":

Wally Soares
Amigos, Amigos, Mulheres à Parte Por Wally Soares
| Data: 12/02/2009
Eis aqui um exemplo de filme que perde todas as oportunidades possíveis para ser realmente bom. No cenário geral, Amigos, Amigos, Mulheres à Parte - nome nacional execrável para um título original que é tudo menos original (mas que até faz sentido levando em conta sua origem, o que explicarei mais a frente) - é um filme muito comum. Quando o assistimos, sentimos o “déjà vuâ€, encontramos com o batido, desafiamos os clichês e aguentamos os infelizes estereótipos. Mas nesse cenário medíocre, existem idéias bastante genuínas que, infelizmente, foram muito má exploradas. A trilha funciona (muito bem), o personagem principal tem um lado muito interessante e o final quase que não é tão previsível quanto esperamos, contendo algumas boas sacadas mas finalmente caindo no lugar comum. Como todo o resto que possui idéias divagantes, estilo, mas uma péssima autoconfiança. Só isso para explicar as quedas de decência que ocorrem durante a sessão.

A falta de decência, porém, nunca chega ao estado lastimável a qual fomos submetidos no filme anterior protagonizado por Dane Cook, o repugnantemente horrível Maldita Sorte, comédia de um mal gosto tremendo. Perto daquela “comédiaâ€, este novo filme de Cook parece até uma obra-prima. Mas como não medimos os filmes conforme as tragédias infelizes que nos atormentam a todo ano, não tem como não guardar certo rancor pelos momentos excedentes de próprio mau gosto de Amigos, Amigos, Mulheres à Parte, que consegue se recuperar pelos seus momentos isolados divertidos, como uma montagem bastante divertida dos 10 ataques mortíferos do personagem de Cook numa festa (repetindo o que foi feito no início), ajudado ainda pela canção de The Cars, “My Best Friend’s Girl†que, sim, inspirou o título original do filme. Alias, a canção - ou o início dela - toca diversamente durante o filme. Esses bons momentos garantem uma falta de frustração. Mas não garantem um filme bom.

Enquanto o personagem de Jason Biggs (Nem por Cima do Meu Cadáver) se revela dos mais irritantes e chatos, fazendo um tipo bem batido e sem o charme que precisava empregar ao papel, Dane Cook é ele mesmo, mas bola uma química bem legal com Kate Hudson (Um Amor de Tesouro). A dupla funciona diversamente, como numa cena envolvendo os peitos dela e bunda dele que soou genuinamente bem humorada. É o máximo de elogios que podemos a empregar a um filme, porém, que abusa e usa de não só todos os elementos narrativos básicos de um filme do gênero (raras as exceções, já mencionadas), mas costuma abusar muito de nossa própria paciência - e inteligência - em aguentar certas piadas, grosserias ou mesmo personagens demasiadamente bobos. Como o próprio Alec Baldwin (Madagascar 2), que até consegue fazer rir às vezes mas, à parte da conexão interessante com a qual mantém com seu filho (Cook), é um personagem extremamente idiota.

O filme está acima de outros péssimos filmes do gênero lançados por esses tempos, mas também não tem o que oferecer que o diverge do território da escória mal sucedida lançada em overdose pela cidade dos sonhos. Os bons momentos são poucos demais, as boas intenções são sobrecarregadas pelas más (e são muitas) e Hudson não consegue fazer muito com sua personagem bem unidimensional. Leve, bem humorado e bobo divertimento é bastante bem-vindo. Contanto que realmente divirta e faça rir, cumprindo seus objetivos claros e fundamentais. Amigos, Amigos, Mulheres à Parte falha demais nesses aspectos para conseguir ser recomendável. É apenas um filme que se esquiva da tragédia, mas nem por isso merece atenção especial. Procurem a música de “The Cars†que o entretenimento será bem mais garantido. E deixem que Dane Cook aprenda o que é realmente comédia. Um termo que - surpreendentemente pra ele - não é sinônimo de desgosto. (Wally Soares – confira o blog Cine Vita)