Crítica sobre o filme "Busca Implacável":

Eron Duarte Fagundes
Busca Implacável Por Eron Duarte Fagundes
| Data: 17/02/2009

Luc Besson continua a fazer filmes europeus, basicamente franceses para o mercado internacional, esquecendo qualquer intenção autoral (que existia mesmo em O quinto Elemento) para ser mero roteirista e produtor de fitas de ação para consumo rápido, desta vez abordando um assunto que é muito grave atualmente na Europa: a velha história do tráfico de escravas brancas, ou seja, mulheres incautas e muito jovens, que são seqüestradas ou seduzidas para servirem como prostitutas. Geralmente elas vêm da Rússia ou paises ex-socialistas, mas para tornar o caso mais emocionante, inventaram a situação de duas americanas em férias em Paris (na verdade elas resolveram seguir a tourné do ‘U2’ pela Europa) que caem vitimas dos bandidos. Acontece que uma delas, é filha de um ex-agente do governo americano Bryan (o muito envelhecido Liam Neeson) que ainda controla a adolescente, apesar da ex-mulher ter se casado com um milionário. E por sorte, está no fone com ela justamente no momento em que é levada. Isso lhe fornece algumas pistas e o ajuda na caçada à moça, eu aparentemente foi drogada e como é virgem vale mais no mercado negro.

Não é uma história agradável, nem tem nada de especial. Quem ficou com a direção foi um certo Pierre Morel, que era diretor de fotografia dos filmes de Jet Li que usa dos truques modernos de finalização para torná-la rápida e moderna. Besson também domina a técnica de fazer perseguições e trombadas de carros em Paris, que não ficam a dever muito às americanas.

Neeson limita-se a fazer cara de nervoso e sofrido. E por sua participação no filme, Famke Jamsen (de X Men e que faz o papel da mãe) desde então, é voluntária na luta da ONU contra Drogas e Crime. (Rubens Eald Filho na coluna Clássicos de 25 de outubro de 2008)

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Busca implacável (Taken; 2008) é uma produção francesa dirigida por um francês, Pierre Morel; o roteiro é co-assinado por Luc Besson, um dos mais controvertidos realizadores franceses contemporâneos, cujo estilo brilhoso e fácil tem feito as delícias de alguns espectadores e analistas; mas tudo em Busca implacável faz a narrativa rumar para os métodos do cinema americano mais tradicional, uma ação desenfreada, a identificação direta do observador com o herói da história (praticamente nos sentimos lado a lado com a tensão da trajetória da personagem de Liam Neeson), não falta nem mesmo as correrias e perseguições que misturam pernadas e cenas de automóveis em alta velocidade (tudo é muito desgastado, mas funciona melhor do que seqüências semelhantes em Controle absoluto, 2008, de D.J. Caruso).

O mérito central de Busca implacável é bem este: segurar nossa cabeça, impedi-la de ir adiante de suas simplificações e estacionar no conceito único de que se reveste o filme, um pai zeloso que faz coisas incríveis para libertar sua filha seqüestrada em Paris por uma rede internacional de prostituição feminista. Os aspectos moralistas e reacionários da realização são evidentes: o bom pai que salva sua donzela dos maus albaneses; uma visão bem do Primeiro Mundo para o Terceiro Mundo; os estereótipos são seguidamente constrangedores, mas Morel tem suficiente habilidade para mergulhar o assistente na ilusão de sempre no cinema.

Enfim, um filme cujo prazer visual contrasta com uma ideologia precariamente caricata. (Eron Fagundes)