Crítica sobre o filme "Dia em Que a Terra Parou, O - BLU-RAY":

Jorge Saldanha
Dia em Que a Terra Parou, O - BLU-RAY Por Jorge Saldanha
| Data: 01/03/2009

O DIA EM QUE A TERRA PAROU, de 1951, é um dos maiores clássicos da ficção científica do cinema, que aqui no Brasil inspirou até uma canção do Raul Seixas. Com roteiro de Edmund H. North (PATTON, REBELDE OU HERÓI) baseado no conto Farewell to the Master, de Harry Bates, foi a primeira produção classe “A” no gênero de um grande estúdio, iniciando a onda de filmes de ficção científica dos anos 1950. Também foi um dos primeiros filmes de Robert Wise como diretor, que em sua carreira nos trouxe musicais inesquecíveis como AMOR, SUBLIME AMOR (1961) e A NOVIÇA REBELDE (1965), além de outras obras significativas da ficção científica, como O ENIGMA DE ANDRÔMEDA (1971) e JORNADA NAS ESTRELAS – O FILME (1979).

A memorável trilha sonora do grande Bernard Herrmann, reutilizada na década seguinte pelo produtor/diretor Irwin Allen em algumas das suas séries clássicas (PERDIDOS NO ESPAÇO, VIAGEM AO FUNDO DO MAR), foi uma das primeiras a agregar à orquestra instrumentos elétrico/eletrônicos - destacando o pioneiro Teremim. O então desconhecido Michael Rennie - alto, magro e de rosto anguloso - foi a escolha perfeita para interpretar o misterioso Klaatu, uma espécie de Cristo alienígena que, somente após ser morto e ressuscitar, pôde transmitir sua mensagem à humanidade. Sua imagem, ao lado do robô Gort e à frente de seu disco voador, faz parte da cultura pop, sendo reproduzida na capa de um disco do ex-Beatle Ringo Starr. O comando que a apavorada Helen dá a Gort, “Klaatu Barada Nikto”, entrou para a história do cinema e recebeu uma homenagem bem humorada de Sam Raimi em seu UMA NOITE ALUCINANTE 3.

Fora tudo isso, ao rever O DIA EM QUE A TERRA PAROU quase 60 anos após seu lançamento, é impressionante constatar como o filme continua atual pelas questões que aborda. Para começar temos Klaatu, o representante de uma raça mais avançada, criadora de uma espécie de polícia espacial, que vem à Terra alertar que, caso continuemos a usar a energia nuclear para fins bélicos, ameaçando a segurança planetária, seremos neutralizados à força. É praticamente o mesmo recado que os EUA no governo Bush enviou aos integrantes do “Eixo do Mal”. Além disso, substitua a “Guerra Fria” e a ameaça soviética estampada no filme pela guerra ao terrorismo e a ameaça islâmica para constatar que, infelizmente, não evoluímos quase nada nestas últimas décadas. De qualquer modo, a mensagem trazida pelo filme permanece, e quem sabe algum dia aqueles que usam o poder das armas finalmente a ouvirão.