O DIA EM QUE A TERRA PAROU, de 1951, Ă© um dos maiores clássicos da ficção cientĂfica do cinema, que aqui no Brasil inspirou atĂ© uma canção do Raul Seixas. Com roteiro de Edmund H. North (PATTON, REBELDE OU HERĂ“I) baseado no conto Farewell to the Master, de Harry Bates, foi a primeira produção classe “A” no gĂŞnero de um grande estĂşdio, iniciando a onda de filmes de ficção cientĂfica dos anos 1950. TambĂ©m foi um dos primeiros filmes de Robert Wise como diretor, que em sua carreira nos trouxe musicais inesquecĂveis como AMOR, SUBLIME AMOR (1961) e A NOVIÇA REBELDE (1965), alĂ©m de outras obras significativas da ficção cientĂfica, como O ENIGMA DE ANDRĂ”MEDA (1971) e JORNADA NAS ESTRELAS – O FILME (1979).
A memorável trilha sonora do grande Bernard Herrmann, reutilizada na dĂ©cada seguinte pelo produtor/diretor Irwin Allen em algumas das suas sĂ©ries clássicas (PERDIDOS NO ESPAÇO, VIAGEM AO FUNDO DO MAR), foi uma das primeiras a agregar Ă orquestra instrumentos elĂ©trico/eletrĂ´nicos - destacando o pioneiro Teremim. O entĂŁo desconhecido Michael Rennie - alto, magro e de rosto anguloso - foi a escolha perfeita para interpretar o misterioso Klaatu, uma espĂ©cie de Cristo alienĂgena que, somente apĂłs ser morto e ressuscitar, pĂ´de transmitir sua mensagem Ă humanidade. Sua imagem, ao lado do robĂ´ Gort e Ă frente de seu disco voador, faz parte da cultura pop, sendo reproduzida na capa de um disco do ex-Beatle Ringo Starr. O comando que a apavorada Helen dá a Gort, “Klaatu Barada Nikto”, entrou para a histĂłria do cinema e recebeu uma homenagem bem humorada de Sam Raimi em seu UMA NOITE ALUCINANTE 3.
Fora tudo isso, ao rever O DIA EM QUE A TERRA PAROU quase 60 anos apĂłs seu lançamento, Ă© impressionante constatar como o filme continua atual pelas questões que aborda. Para começar temos Klaatu, o representante de uma raça mais avançada, criadora de uma espĂ©cie de polĂcia espacial, que vem Ă Terra alertar que, caso continuemos a usar a energia nuclear para fins bĂ©licos, ameaçando a segurança planetária, seremos neutralizados Ă força. É praticamente o mesmo recado que os EUA no governo Bush enviou aos integrantes do “Eixo do Mal”. AlĂ©m disso, substitua a “Guerra Fria” e a ameaça soviĂ©tica estampada no filme pela guerra ao terrorismo e a ameaça islâmica para constatar que, infelizmente, nĂŁo evoluĂmos quase nada nestas Ăşltimas dĂ©cadas. De qualquer modo, a mensagem trazida pelo filme permanece, e quem sabe algum dia aqueles que usam o poder das armas finalmente a ouvirĂŁo.